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Blog do Vavá da Luz

Assassinei um livro     (Marcos Pires) 

Um amigo confessou que quando vai a um bar é para ficar bêbado, porque se não for assim ele nem sai de casa.

De uma certa maneira deu-se comigo o mesmo com relação a um livro que já reescrevi uma dezena de vezes. Trato de uma temática arretada, personagens incríveis e mesmo contado histórias com H, revelando muitas nuances nunca percebidas na apuração dos fatos, foi escrito numa base de humor leve para facilitar sua leitura.

Criei 3 personagens, todos com mais de 70 anos para poderem se enquadrar nas benesses da legislação penal que diminui as penas aplicadas aos idosos e limitei esses personagens a esse número porque se fossem 4 teriam que responder também pelo crime de formação de quadrilha. Há um último personagem; o narrador, que é um advogado expulso da OAB numa trama que envolveu o Governador do Estado e o Presidente do Tribunal. Ele perdeu   tudo, até a mulher, que passou a viver com o filho de Sua Excelência. Porém reinventou-se e passou a dar consultoria a quase bandidos como ele denomina seus clientes. Orienta para todas as brechas das leis, mas não participa de qualquer ação criminosa, porque só fala em hipóteses, jamais em casos concretos.

A primeira ação do trio de velhinhos (Opa, em dezembro farei 70) se dá na venda do banco Noroeste para o Santander, onde eles conseguem uma informação privilegiada acerca de um falso empréstimo de 200 milhões de dólares a um grupo de nigerianos que pretendiam construir um aeroporto. Na verdade, seria uma manobra contábil para não pagar 50 milhões de dólares de impostos. Eles conseguem ficar com a grana porque se denunciados ficaria bastante clara a intenção dos banqueiros fraudarem o fisco.

Posteriormente montaram outros golpes pegando grana alta do pessoal do mensalão e de outros bandidos, digo, políticos. Porém não consegui chegar nem de longe a qualquer dos escritores que admiro. Então decidi esquecer o assunto. Por enquanto estou alugando os personagens a quem quiser porque, parodiando meu amigo cachaceiro, se não for para escrever um livro como “Cem anos de solidão” é melhor nem tentar.