Uma festa originariamente pagã passou a integrar o calendário comemorativo do cristianismo. Os festejos juninos eram promovidos pelos pagãos europeus na passagem da primavera para o verão, na época considerada o “solstício de verão”. O propósito era afastar os maus espíritos e qualquer praga que prejudicasse a colheita. A Igreja Católica acrescentou a essas festividades elementos religiosos.
Em terras brasileiras as festas juninas foram incorporadas às nossas tradições populares a partir do século XVI, trazidas pelos portugueses durante a colonização. Inicialmente eram conhecidas como “festas joaninas”, em homenagem a São João. Depois, por serem comemoradas no mês de junho, foram alteradas para “festas juninas”.
Com o tempo tornou-se mais uma festa popular do que uma celebração religiosa, no aproveitamento de símbolos do meio rural, principalmente no Nordeste. A junção de características das culturas africanas, europeias e indígenas, produziu danças, culinária, fogueiras e fogos de artifício, que se constituem as marcas da celebração dessa tradicional festa nordestina. É, sem dúvida, um evento de grande importância para a cultura e o turismo nordestino. A devoção dos fieis aos santos comemorados no mês de junho, Santo Antônio, São João e São Pedro, na ordem cronológica, desperta respeito a crendices e superstições.
O primeiro deles ficou conhecido como o santo casamenteiro, porque ao tempo em que viveu na cidade de Pádua, na Itália, ajudava a recolher doações para a preparação de enxovais para as moças às vésperas do casamento. Está presente, portanto, na imaginação das moças casadoiras. A fogueira, acesa na noite de São João, rememora a história da mãe de João Batista, quando fez dela a forma de avisar a Maria, mãe de Jesus, o nascimento do seu filho. São Pedro é o santo das chuvas, o que oferece uma representatividade maior de reverência da população nordestina, em especial dos camponeses, que depositam nele a confiança de que poderá evitar as secas que tanto flagelo massacrou o seu povo ao longo da história.
É uma festa que mobiliza multidões que se deslocam de todas as partes do mundo e do Brasil, em direção ao Nordeste, especialmente às cidades de Campina Grande, em nosso estado, e de Caruaru, em Pernambuco. Ambas disputam o título de “melhor ou maior festa de São João do mundo”, movimentando a economia e a cultura locais. São, praticamente, trinta dias de muita animação, onde se sobressai a música regional, o forró, ainda que alguns gestores públicos e empresários patrocinadores, insistam em desprestigiar essa manifestação regional, importando celebridades artísticas de renome nacional promotoras de outros ritmos que nada têm a ver com os nossos.
A literatura de cordel, as quadrilhas e a produção artesanal de alimentos típicos do Nordeste, valorizam a diversidade cultural do Brasil. Afinal de contas a história de um povo é contada por suas tradições culturais, transferidas na sucessão das gerações. Daí porque nós, nativos desta região, temos a responsabilidade de manter, valorizar e preservar essa rica tradição cultural, que une as diferentes regiões do país.
Rui Leitão