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Ah, Parahyba… (Thomas Bruno Oliveira )

 

 

Estuário do Rio Paraíba

É um dos menores estados brasileiros, no entanto, encerra em seu território pitorescas paisagens de rara beleza. Do sertão ao litoral, do Cariri ao Curimataú, belezas naturais e patrimônios históricos se fundem em magníficos cenários.

A iniciar pela Ponta dos Seixas, lugar mais oriental das Américas, onde o sol nasce primeiro, a costa paraibana é magnífica e mescla grandes estruturas hoteleiras com lugares paradisíacos. Temos as Praias Bela, Formosa, Jacumã, Ponta de Lucena (só para citar algumas), praias em área de reserva Potiguara que são preservadíssimas, com destaque para Aldeia Forte, Galego, Barra de Camaratuba e do Mamanguape, inclusive há – no litoral sul – a Praia de Tambaba, ponto para onde aflui milhares de turistas adeptos do naturismo. Ainda em nosso litoral, cidades históricas possuem igrejas e prédios que remontam nosso passado colonial, a começar por nossa Capital.

Lajedo do Pai Mateus – Cabaceiras-PB

Partindo para o interior, a Parahyba fica ainda mais bonita. Seguindo o caminho dos rios, chegamos através do Rio Paraíba às cidades de Cruz do Espírito Santo, em Pilar conhecemos o nascedouro e a paisagem que influenciou José Lins do Rêgo em sua majestosa obra. Passamos por Barra de Santana – onde o declamado Bodocongó encontra as águas do Paraíba – e chegamos à Boqueirão, a cidade das águas, ali se pode deliciar os melhores peixes e banhar-se no manancial que abastece Campina Grande e parte da Borborema. Passamos pela histórica cidade de Cabaceiras, chegando ao Lajedo de Pai Mateus, caminhando por trilhas e conhecendo um rico patrimônio ecológico, histórico e arqueológico. Embrenhando-se pelo cariri, podemos conhecer Serra Branca, Sumé, Prata, Monteiro, bucólicas e hospitaleiras cidades onde se pode observar o tempo passar à sombra das árvores, proseando com cantadores, poetas repentistas e violeiros seresteiros, não esquecendo de tomar um bom refresco no mercado público, onde é servido tudo de mais gostoso.

 

Praça central de Gurjão, no Cariri – Gurjão-PB

O Brejo paraibano, no topo do Planalto da Borborema, esbanja tradição através dos sabores, do clima frio de altitude e dos engenhos, que encantam a todos que ali visitam. Guarabira, Areia e Bananeiras são as maiores cidades, imersas em um ar colonial, onde frutifica uma cultura ímpar em terras paraibanas. Ali há o Circuito do Frio, um estruturado e envolvente roteiro turístico e sentimental que abarca lugares históricos, engenhos de cachaça e rapadura, hotéis fazenda com uma gastronomia peculiar.

No Agreste, a enigmática Pedra do Ingá com suas indecifráveis inscrições, desafia a curiosidade de todos, foi assim com Zé Ramalho “nas trilhas de Sumé”. De forma geral, a Paraíba é repleta de testemunhos ancestrais, prova inconteste que nossas serras e montanhas foram ocupadas por milênios.

Gravuras rupestres na Pedra do Ingá – Ingá-PB

Do Cariri, tem que se conhecer o queijo de Boa Vista e São João do Cariri, o feijão verde com galinha de capoeira em São José dos Cordeiros, Taperoá e Barra de São Miguel, a Serra da Engabelada em Caraúbas, a APA das Onças em São João do Tigre, a nascente do Rio Paraíba na Serra do Jabitacá, em Monteiro, as delícias de Bode (assado ou guisado) em Gurjão, Parari, e todo o Cariri, nessa “civilização do Couro” como já afirmou Capistrano de Abreu.

Subimos a Serra do Teixeira e chegamos ao céu… ponto culminante do Estado, tudo está aos nossos pés. Passamos pela Pedra do Tendó e descemos a planície sertaneja até chegar a Patos, morada do sol. Cidade quente, aconchegante e aprazível. Em São Mamede, temos a Serra do Picotes, réplica em miniatura do Pão de Açúcar, esculpido majestosamente pela natureza.

Chegando ao sertão, vamos pelo vale do Piancó, descendo até chegar em Princesa Isabel, cidade que já foi República independente na Revolução de 1930. Voltando sertões a dentro, chegamos ao Vale dos Dinossauros em Sousa. Ali, inúmeras pegadas ornam o Vale do Rio do Peixe onde os dinos deixaram seus “rastros”.

De monumentos religiosos, temos a Cruz da Menina (Patos, Amparo e Pombal), o memorial Frei Damião (Guarabira), a Pedra da Santa (Araruna), a Pedra de Santo Antônio (Fagundes), a estátua do Cristo Rei em Itaporanga, S.Sebastião de Lagoa de Roça e Teixeira, Cruz do Gavião (Boa Vista) como também centenas de cruzeiros encimando rochas e serras, demonstrando a devoção e religiosidade do povo, cada um deles atraindo peregrinos de várias regiões.

Estátua de Frei Damião – Guarabira-PB

Por falar em devoção, não há período de maior fervor religioso e festivo que o São João. Em todo o interior há cerimônias religiosas em favor do santo e os inúmeros “Joões”, nascidos no dia 24/jun e batizadas com o nome do Santo recebem em suas casas as novenas. Os santos Antônio, José e Pedro também são celebrados, época junina é o período da colheita e onde há fartura, há festa! Neste quesito, todas as cidades promovem festas no período, desde as mais tradicionais, às mais modernas. O grande destaque é o Maior São João do Mundo, realizado em Campina Grande com 31 dias de duração, sediado no gigantesco Parque do Povo.

A Parahyba possui inúmeras belezas naturais e históricas, é um estado rico em tradição e cultura. Conhecer seus segredos, desvendar seus mistérios, são desafios. O poeta e forrozeiro Tom Oliveira afirmou: “Lugar tão lindo assim pra mim é jóia rara (…) porque eu sou muito feliz, sou Paraibano!” Parabéns Parahyba, 436 anos!

 

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Publicado na coluna ‘Crônica em destaque’ no Jornal A União de 7 de agosto de 2021.