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Acidente de trabalho (MARCOS PIRES)

Meu amigo João Paulo remeteu de Lisboa essa perola de comunicação de um acidente de trabalho feita por um pedreiro português ao Tribunal Judicial da Comarca de Cascais. O conteúdo é o seguinte:
“Sou assentador de tijolos. Estava a trabalhar sozinho no telhado dum edifício de 6 andares e, ao terminar o serviço, verifiquei que tinham sobrado 250 quilos de tijolos. Em vez de os levar à mão para baixo, decidi colocá-los dentro dum barril e desce-los com ajuda de uma roldana fixada em um dos lados do edifício.
Desci ao térreo, atei o barril com uma corda, voltei ao telhado, puxei o barril para cima e coloquei os tijolos dentro dele. Voltei para baixo, desatei a corda e segurei-a com força de modo que os 250 kg de tijolos descessem devagar.
Devido a minha surpresa por ter saltado repentinamente do chão (meu peso é de 80 kg) perdi a minha presença de espirito e esqueci-me de largar a corda. É desnecessário dizer que fui içado do chão a grande velocidade. Na proximidade do terceiro andar bati no barril que vinha a descer. Isso explica a fratura de crânio e clavícula partida que sofri.
Continuei a subir a uma velocidade ligeiramente menor, não tendo parado até os nós dos dedos das mãos estarem entalados na roldana. Felizmente já tinha recuperado a minha presença de espírito e consegui, apesar das dores, agarrar a corda. Mais ou menos ao mesmo tempo o barril com os tijolos caiu no chão e o fundo partiu-se. Sem os tijolos, o barril pesava aproximadamente 25kg.
Como podem imaginar comecei a descer rapidamente. Próximo ao terceiro andar encontrei o barril que vinha a subir. Isso justifica a natureza dos tornozelos partidos e das lacerações das pernas, bem como da parte inferior do corpo. O encontro com o barril diminuiu a minha descida o suficiente para minimizar os meus sofrimentos quando cai em cima dos tijolos e, felizmente, só fraturei três vértebras.
Lamento, entretanto, informar que me encontrava caído sobre os tijolos – incapacitado de me levantar e vendo o barril acima de mim – quando perdi novamente a minha presença de espirito e larguei a corda. O barril pesava mais que a corda e então desceu, caiu em cima de mim, partindo-me as duas pernas.
Espero ter dado a informação solicitada do modo como ocorreu o acidente.”.
Juro que é verdade.