Pular para o conteúdo

Blog do Vavá da Luz

  A verdadeira Monga (Marcos Pires)

Marcos Pires

A verdadeira Monga

Existiu sim, apavorados leitores. A verdadeira Monga nasceu no México em 1834 e chamava-se Julia Pastrana. Padecia de uma doença chamada hipertricose. Além dos pelos pretos advindos da doença, Julia tinha gengivas inchadas, orelhas grandes e mandíbulas estranhas, o que lhe dava a falsa aparência de ter duas fileiras de dentes. A pobre moça caiu nas garras de um comerciante safado, chamado Theodor Lent, que passou a exibi-la pelos Estados Unidos e Europa em shows de horror onde ela dançava e cantava. Mas morreu aos 26 anos, de complicações do parto (havia casado com o seu “empresário”) depois de dar à luz uma criança que nascera com os mesmos problemas de saúde, e que morreu três dias depois. O tal Theodor, numa prova final do seu caráter, mandou embalsamar sua esposa e seu filho e a partir daí os exibiu até morrer, em 1880. O diabo com certeza o levou para o inferno.

Minhas recordações da Monga são da minha infância, quando minha avó me levava para a festa das Neves e todos os anos cumpríamos um mesmo ritual; andar na roda-gigante, comprar uma maçã do amor e ver a Monga. Quando fiquei mais velho pedi para alterar aquele circuito. Depois da roda gigante eu queira ver a Monga para só então comprar a maçã do amor. É que quando ela se transformava em macaca, abria a jaula e corria em nossa direção, minha maçã sempre caia no chão no meio da confusão.

Muito tempo depois é que me questionei sobre pagar para ter medo.

Minha mãe, comerciante demais, sempre dizia: “- Se eu fosse a dona do espetáculo cobrava os ingressos na saída, quando as pessoas estavam correndo com medo e nem iriam conferir o troco”. Grande Creusa Pires.

Isso de pagar para ter medo sempre me volta quando assisto filmes de terror. Lembram da cabeça da garota do “Exorcista” dando um giro de 360 graus? Perguntei a uma alta autoridade no assunto se o medo vem do inesperado.

 “- Dr. Marcos, algumas vezes o inesperado já é esperado, daí a diferença entre susto e medo. Veja por exemplo os políticos; nos últimos tempos o eleitorado está descontente com eles porque prometem uma coisa e depois de eleitos fazem outra. Nem por isso o povo tem medo dos políticos”.

Será que a psicologia encontrou alguma semelhança entre os políticos e a Monga? Eu, hem!

Att,

Pires Bezerra Advocacia