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A realidade supera a ficção      Marcos Pires

Poderia começar explorando a imagem de uma senhora hoje casada com um dos mais importantes e poderosos políticos brasileiros que anteriormente fora esposa do bandido objeto deste escrito. Não o farei mesmo porque ela em nada contribuiu para os fatos narrados a seguir. Vamos lá.

 

Frequentador da alta sociedade paulista, Laurival de Moura Vieira Aquilino Neto (Dr. Neto), era alto, boa pinta, envolvente e em 1985 teria sido flagrado, segundo agentes da policia federal americana, trocando dólares falsos num cassino em Atlantic City. A partir dali foi cooptado pelo DEA (que combate o tráfico de drogas nos EUA) para trabalhar como informante na América do Sul.

 

Mas voltemos no tempo.

 

A mãe do Dr. Neto possuía uma das mais elegantes boutiques de São Paulo, instalada no então iniciante Shopping Iguatemi. Muito jovem mas já um tremendo boa pinta, o filho frequentava a loja da mãe e cortejava a clientela, composta exclusivamente das milionárias paulistas. Da sua vida amorosa vale registrar que casou três vezes, uma delas com a filha de um fortíssimo ex-Prefeito de São Paulo, antes de casar com a senhora à qual me referi no início.

 

Dr. Neto tinha muitos contatos no meio policial e dedicou-se à advocacia criminal, estabelecendo-se na área da 4ª Delegacia de roubos e furtos. 60 dias depois haviam sido registrados muitos roubos a residências de alto padrão da região. A investigação revelou que as moradoras roubadas frequentavam assiduamente a boutique da mãe do Dr. Neto.

 

Descoberto o criminoso, a revista Veja publicou uma boa matéria sobre o caso, apelidando Dr. Neto de “Ladrão de casaca”. Claro que foi expulso das altas rodas, até da Sociedade Hípica Paulista. Mas não se apertou, o contato com o DEA para denunciar traficantes de drogas lhe rendia muita grana. Só que o Dr. Neto fazia jogo duplo, dando informações da polícia aos traficantes. O DEA desconfiou e encerrou a combinação, porém Dr. Neto continuou no mundo do crime e decidiu chantagear o americano William Elswick, conhecido como “Capitão América”, que estava morando no Rio, fugido dos EUA porque traficava muita droga para lá.

 

Segundo o Jornal do Brasil os advogados do gringo conseguiram clemenciar para ele via Presidente Sarney. Foi então que o Dr. Neto disse dispor de novos documentos que levariam o Capitão América à prisão. Queria 1 milhão de dólares. Recebeu 650 mil. E seguiu a vida, até que no dia 19 de janeiro de 1990, quando entrava em seu possante carro, aproximou-se uma bela morena…que atirou 3 vezes nele à queima roupa. Tem muito mais, porém cadê espaço?