Os “arraiás” e os festejos juninos são características da cultura nordestina. Lamentavelmente essas comemorações estão perdendo a sua originalidade. O forró dando espaço para o sertanejo e outros ritmos nas festas organizadas por municípios do Nordeste, numa completa descaracterização dos festejos juninos, que envolvem o poder público, as empresas patrocinadoras e os produtores. Tornou-se uma questão mercantil.
Além da música as festividades do mês de junho contam com uma culinária típica, danças, tocadores de coco, rezadeiras, fogueiras, brincadeiras e realização de novenas. A lógica mercadológica está fazendo com que essa riqueza cultural seja esquecida e substituída, se configurando numa violência cultural inaceitável. Artistas sem nenhuma vinculação com nossa terra são apresentados como atrações principais em detrimento dos nossos compositores e cantores. Como aconteceu no.ano passado em Campina Grande, quando Flávio José denunciou que seu tempo no palco foi diminuído em uma hora para dar oportunidade a Gustavo Lima.
Não cabe aqui identificar culpados por essa desconsideração com um dos mais talentosos e importantes valores artísticos da música nordestina. Precisamos nos unir no esforço de evitar que esse tipo de discriminação à nossa música regional continue acontecendo. Empunhemos a bandeira da resistência em favor do forró como autêntica expressão musical de nosso povo. E que nos devolvam o São João tradicional.
Rui Leitao