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A boate Passargada (sétima parte-I) (Marcos Pires)

A boate Passargada (sétima parte-I)

 

MARCOS PIRES

Meu convidado hoje é um amigo muito querido, Abelardo Jurema Filho, rara amizade, dessas que já começaram prontas. São muitas histórias nesses 45 anos de convivência. Decidi não retirar uma palavra sequer do maravilhoso texto de Abelardinho. Por isso será postado em duas partes neste mesmo momento. Esta é a primeira parte.

Diga aí, meu Lira:

      “O amigo do Rei – Eu conheci Marcos Pires tão logo cheguei a João Pessoa em meados de 1975. Naquele tempo, difícil seria desconhecer a sua presença na cidade: era o filho de Adrião e Dona Creusa, o “playboy” cujo passatempo predileto era gastar dinheiro e fazer amigos. Era um jovem irrequieto, desafiador e inspirador, que exercia natural liderança junto aos companheiros de sua geração que acompanhavam as suas aventuras, divertiam-se com elas e admiravam a forma generosa como agia dividindo com todos as suas emoções.

      Se havia um carro novo, esportivo de último tipo, circulando na cidade, ninguém tinha dúvida a quem pertencia; se uma novidade aparecesse no mercado automotivo, um triciclo que só se via no cinema, só podia ser mais uma peripécia do herdeiro dos Pires. Cheguei a encontrá-lo no Rio de Janeiro onde ele residia em endereço nobre: era hóspede permanente do Hotel Sheraton, ainda hoje um dos mais elegantes e sofisticados da hotelaria carioca.

     Carismático, envolvente, Marcos Pires também conquistava pela sua alegria e solidariedade com os amigos. Pelo seu poder de sedução, fruto de sua personalidade indômita que não enxergava limites, reinava absoluto numa geração de ouro que fez história na cidade e que deu sinceros exemplos de amizade e respeito mútuo, de companheirismo e de fraternidade.

     Num dos seus sonhos, inspirado pelo poeta Manoel Bandeira, imaginou a Passárgada, um projeto inovador e ousado. Uma boate onde todos fossem amigos do Rei e pudessem usufruir a plenitude da juventude num ambiente mágico, onde, à noite, era possível ver as estrelas e dançar cercado por uma cortina d´água como uma fonte luminosa”. 

Logo a seguir postarei a segunda parte da experiencia de Abelardo Jurema Filho na Passargada.