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Blog do Vavá da Luz

A Baratona (Marcos Pires)

 

Meu avô materno Manuel dos Anjos fundou a Academia Paraibana de Poesia. A cadeira 1 leva seu nome. Mas também fundou blocos carnavalescos. Minha mãe Creusa Pires fundou o bloco da melhor idade. Portanto carnaval está no sangue, né? Não cabem aqui as maravilhosas lembranças do corso, das matinais na AABB e dos bailes noturnos do clube Cabo Branco, mas apenas explicar a Baratona, o bloco carnavalesco mais improvável do Brasil, que tornou-se um tremendo sucesso graças à adesão do povo.

A Baratona não tem hino, camisetas, abadás, estandarte…sequer tem diretoria. Não cobra nada dos participantes.

Preciso destacar que não aceitamos dinheiro público porque entendemos que enquanto uma única criança passar fome no Brasil e o ultimo paciente estiver esperando vaga em um hospital não é correto usar a grana dos impostos para financiar a alegria do povo. Dá pra fazer sem os cofres públicos.

E conseguimos provar isso.

Todos os anos colocamos milhares de foliões na calçadinha da praia do Cabo Branco que seguem uma maravilhosa orquestra até o largo da Gameleira. Ouvindo exclusivamente frevos, cada pessoa vai como quiser; uns vão fantasiados, outros preferem organizar bloquinhos que esbaldam-se na Baratona e muita gente vai de cara limpa. Não há regras para a vestimenta. O folião só paga o que consumir no percurso, mas pode levar seu farnel de casa. O que importa é que venha com alegria. Esse é o modelo que copiei dos bloquinhos que animam os bairros do Rio de Janeiro, onde morei, e que agora estão estourando em São Paulo.

Temos o Cata bêbo, uma ideia de muitos anos, bem antes da proibição legal de não beber se for dirigir. É uma van que deixa em casa os foliões que excedem-se na “alegria”. E todos os anos temos algumas atrações incríveis. Bem verdade que tenho reiteradamente mandado convites para Zeca Pagodinho vir, não para cantar, mas tão somente para beber. Se ele não vier este ano pelo menos já garantimos as presenças da mulher que vira peixe e do homem que desaparece.

Por fim preciso explicar a origem do bloco. Tal como a prova esportiva maratona que percorre 42 quilômetros, a Baratona pretende percorrer 42 bares ao longo da calçadinha da praia. Ninguém sabe ao certo se já conseguimos alcançar essa marca porque ali na altura do trigésimo bar as contas ficam confusas. Já flagrei folião tentando fazer a prova dos nove para conferir por quantos bares havíamos passado. Como assim? “- Ô Marcão, o jeito é voltar ao inicio do percurso e começar tudo de novo”.

Gostaria de convidar vocês para juntarem-se a nós no próximo dia 11/2 a partir do meio dia no bar Terraço, na av. Cabo Branco, com saída às 16:00 horas. Se possível divulguem a ideia porque a pegada da não utilização de recursos públicos para financiar carnaval é muito forte e precisa ao menos ser discutida.

E tome frevo!