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  2021 já pertenceu ao futuro (Damião Ramos Cavalcanti)

 

                        2021 já pertenceu ao futuro

           Desde tempos remotos, o Ano Novo é esperado, é como se fosse o tempo único e contínuo estivesse permanentemente grávido dos seus vindouros filhotes de doze meses, como, relativamente, 2022 está em gestação. Enfim, o Tempo é um só e, ao mesmo tempo, pai, mãe e filho de si mesmo… Os doze meses do ano passado já se foram e 2020 morreu. Mas, antes disso, ele foi severo, ordenando-nos que nos isolássemos em casa, protegendo-nos da Covid-19, que agora tem um vírus irmão, lá para as bandas da Inglaterra e em certos esconderijos da Europa. No ano passado, quem não se protegeu morreu ou escapou, depois de muito sofrimento. Mas, isso não está terminado em 2021, para tanto, a esperança é vacina. Ela já existe, mas os negócios ou o  business impedem-na, nas mãos políticas e financeiras, de ser tirada do frasco e colocada na seringa que está faltando para completar o quadro de falta de providência. Entre nós, há também, e muita gente, que demonstra ser indiferente ao atual quadro de infestação virótica, do crescimento estatístico da pandemia, como o Ano Novo tivesse vindo como remédio. Vão às festas, agarram-se, abraçam-se e beijam-se, pegando numa mesma garrafa, num mesmo copo ou numa mesma taça. Ou até tomando emprestado cigarrinhos que passam de boca em boca. Não se equivocar: 2021 não é a vacina, mas a oportunidade de se tomar a vacina; o que o Governo do Estado já nos assegura, dentro dos próximos dias.
          O Tempo não é gago, fala baixo e com fluidez. Mas, poucos escutam o que foi dito e visto no ano tão próximo passado. 2020 não morreu de Covid-19, nem tampouco da nova versão desse vírus, foi de morte natural, seu tempo se esgotou, ou melhor, de morte artificial porque foi o homem quem inventou que a vida de cada ano  é de doze meses, o que foi contado desde o início de 2019. Lamentamos as mortes ocorridas em 2020, mas, para que aumentá-las nesse Novo Ano ? Basta de perdas, de sofrimento, de falta de ar. A segurança de que você, caro leitor, não será contagiado é vacina. Daí o nosso dever cívico de nos vacinarmos. Não só, a cidadania exige que sejamos convincentes militantes para que os outros se vacinem.
          Com certeza, não desejamos chamar  2021 de 2020, nem que esse último seja, nesses aspectos mórbidos, igual e indesejável aos momentos difíceis por que passamos. Sobretudo porque a divisão do tempo exerce a finalidade de medir a nossa vida e a nossa existência em relação às outras e  até aos fenômenos da natureza. Assim contamos os anos, os meses, os dias e as horas. Se não contássemos o tempo, quem o contaria ? As aves, os peixes, as árvores?  Tampouco as pedras. Não interessam às pedras os nossos aniversários, muito menos as passagens de ano. Não lhes interessam as referências ou convenções em relação ao nascimento ou à morte. Santo Agostinho nos admoesta a refletir que não é o tempo que faz o homem, mas, o homem, o tempo. Muitos gritaram 2021 como o fim do Coronavírus. Ledo engano, somos nós responsáveis por essa limpeza, enfim 2021 já pertenceu ao futuro. Bem melhor é desejar que o Ano Novo seja renovado de maiores esperanças  e solidariedade. Com parcimônia, Moderadas Festas!
 

Damião Ramos Cavalcanti