BECO DA POESIA : Vava da luz e o medo de ficar velho
Quem não morre, velho fica.
Ë a lei do criador
Dê graças a Deus, doutor.
Se a velhice lhe caustica
–
Ficar velho é uma arte
Daquele que ali chegou
Por tudo quer já passou
Da vida é um baluarte
–
Meu medo de ficar velho
É ser um velho ridículo
Daqueles com dor no joelho
Morar sozinho, num cubículo.
Dizer que é bem dotado
E ter que andar com cuidado
Pra não pisar nos testículos
–
Metido a conquistador
Atleta bom, garanhão.
Rico, solteiro, doutor.
Importante, fanfarrão.
E embaixo do cobertor
Ser um velho roncador
Sujo, safado e peidão
–
O povo gritar na rua
Oh velho mala sem alça
E ele atrás de mulé nua
Dançarino, pé de valsa.
De tudo, ele é professor.
Mas não diz quem lhe ensinou
Mijar nas pernas das calças
–
Cagar não limpar a bunda
Mijar e ficar molhado
A cueca suja, imunda.
Os ovos la pendurado
E ainda ter a sorte
Do pau servir de transporte
Pro mijo que ta guardado
–
Viver só fazendo hipótese
Dizendo ser maioral
No corpo todo tem prótese
Nos dentes, no femural
Uma prótese no nariz
E ainda ser feliz
Se botar uma no pau
–
Usar aquela bengala
De quem já não gala bem
Antes galou muita gente
Hoje não gala ninguém
Mesmo querendo galar
Procura gala e não tem
Zé Limeira foi preciso
Menino e véi têm juízo
Pra se comprar com vintém
–
De tudo que ruim nessa vida
Com o véi tem comparação
Quem gosta é fundo de rede
Panela sem ter pressão
Vovô, coroa, morgado
Transportador de cunhão
E ainda vem um desgraçado
Lhe chamando de safado
Corno, bandido e ladrão
vavadaluz