O CAÇADOR DE PEBA
(Uma cultura predatória)
Admiro o caçador
Quando ela sai pra caçar
Já sabe certo o lugar
Que pode ser promissor.
Cachorro farejador
O melhor da região
Pá, inxadeco, facão
Ele leva para o mato,
Sem saber ele de fato
Se vai ter futuro ou não.
Para ele é a diversão
Melhor que já viu na terra
Corta mato, sobe serra
Entra na escuridão.
Sem temer assombração
Nem assobio da caipora
É o esporte que adora
Pra isso nunca se enjoa,
E quando o cachorro acoa
Aí a coisa melhora.
Ele corre sem demora
Na direção do latido
De longe ouve o grunido
Que chega o cachorro chora.
O premio vai será agora
Chega perto do buraco
Tira o cavador do saco
Cavando quase uma braça,
Até arrancar a caça
Sem lhe ferir nem um taco.
O caçador sendo fraco
Na hora da escavação
A caça de prontidão
Se enfia mais no buraco.
Pode pendurar o saco
Que a noite já ta perdida
Aí só noutra investida
Que poderá arrancar,
Vá pra moita descansar
Que a noite vai ser comprida.
De manhã vá na batida
Faça a mesma escavação
Até chegar no porão
Que a caça ta escondida.
Depois de missão cumprida
Faça aquele redevu
Mande ajeitar a pitu
Que o bicho daqui não passa,
Só falta saber da caça
Se foi um peba ou um tatu.
Ainda existe um tabu
De que o peba é seboso
Mas mesmo assim é gostoso
O tanto quanto o tatu.
Só sei que não presta cru
Mas na panela destrincho
Um tempero no capricho
Uma farofa apimentada,
E de cachaça uma lapada
Pra saborear o bicho.
Sei que tem um carrapicho
Na bota do caçador
Por ele ser predador
E abater esse bicho.
O IBAMA sem ter buchicho
Diz que a caça é proibida
Mas para a lei ser cumprida
Determinada a altura,
Só tirando essa cultura
Do povo e da sua vida.
Poeta cordelista
Rena Bezerra