Pular para o conteúdo

Blog do Vavá da Luz

E HOJE, 26 DE ABRIL, QUANDO FOI REZADA A PRIMEIRA MISSA NO BRASIL, HOMENAGEM DE ZÉ LIMEIRA A FREI HENRIQUE DE COIMBRA

Zé Limeira, o poeta do absurdo

 

E HOJE, 26 DE ABRIL, QUANDO FOI REZADA A PRIMEIRA MISSA NO BRASIL, HOMENAGEM DE ZÉ LIMEIRA A FREI HENRIQUE DE COIMBRA

Zé Limeira, conhecido como Poeta do Absurdo, nasceu no sitio Tauá, em 1886, e faleceu em 1954, assustado com o barulho de um trem. Teve um custipio e caiu duro. Era um negrão de quase 2 metros de altura. A cidade onde nasceu , Teixeira, estado da Paraíba, foi o principal reduto de repentistas no século XIX e onde a viola teria sido usada pela primeira  vez como instrumento de cantoria, lá pelos idos de 1840. Vivente até o ano de 1954, não há registro de sua voz. Fitas de pesquisadores que gravaram algumas de suas pelejas sumiram ou se deterioraram.

A Seguir Alguns Trechos dos Versos de Zé Limeira

“Eu me chamo Zé Limeira
Da Paraíba falada,
Cantando nas Escritura,
Saudando o pai da coalhada,
A lua branca alumia,
Jesus, José e Maria,
Três anjos na farinhada.”

Zé Limeira quando canta

Estreme o cariri

As estrelas trincam os dentes

Leão chupa acabaxi

E sete dias adispois

Estoura uma guerra civi.

…….

Frei Henrique de Coimbra

Sacerdote sem preguiça

Rezou a primeira missa

Na beira de uma cabimba

Um índio passou-lhe a pimba

Não deixou ele rezar

Assou carne de jabá

Misturou com queresone

Que um bom pescador não teme

As profundezas do mar.

……….

As tantas da madrugada

O vaqueiro do prefeito

Corre alegre e satisfeito

Atrás da vaca deitada

Sem vida, decapitada

Com a rabada pelo chão

A desgraça de Sansão

Foi trair Pedro Primeiro

Viva o aboio do vaqueiro

Nas quebradas do sertão.

……..

Adão de barro amassado

E Eva de uma costela

E Adão in riba dela

Fez o primeiro pecado

E depois de ter gozado

Foi ver o gosto lá dento

O mundo ficou cinzento

E o céu ficou azul

Deu-lhe uma cãimbra no cu

Diz o velho testamento.

…..

 

“Uma véia gurizada
Pra mim já é fim de rama,
Um véio Reis da Bahia
Casou-se em riba da cama,
Eu só digo pru dizê,
Traga o Padre pra benzê
O suvaco da madama.”

“Jesus foi home de fama
Dentro de Cafarnaum,
Feliz da mesa que tem
Costela de gaiamum,
No sertão do cariri
Vi um casal de siri
Sem comprimisso nenhum.”

“Napoleão era um
Bom capitão de navio,
Sofria de tosse braba
No tempo que era sadio,
Foi poeta e demagogo,
Numa coivara de fogo
Morreu tremendo de frio.”

“Meu verso merece um rio
Todo enfeitado de coco,
Boa semente de gado,
Bom criatoro de porco,
Dizia Pedro Segundo
Que a coisa melhor do mundo
É cheiro de arroto choco.”

“É difícil um home moco
Aprendê pornografia,
Um professor de francês
Honestamente dizia:
Tempo bom era o moderno,
Judas só foi pro inferno
Promode a virgem Maria.”

“São Pedro, na sacristia,
Batizou Agamenon,
Jesus entrou em Belém
Proibindo o califom,
Montado na sua idéia,
Nas ruas da Galiléia
Tocou viola e pistom”.

“Quando Jesus veio ao mundo
Foi só pra fazê justiça:
Com treze ano de idade
Discutiu com a doutoriça,
Com trinta ano depois,
Sentou praça na puliça.”

“Saíram lá de Belém
Cristo e Maria José,
Passaram por Nazaré,
Foram Betelelém,
Chupô cana num engem,
Pediu arrancho num brejo,
De noite armuçou um tejo
Lá perto de Piancó,
Na sexta-feira malhô
Foi que Judas vendeu Jésus!”

“Jesus saiu de Belém,
Viajando pra o Egito,
No seu jumento bonito,
Com uma carga de xerém,
Mais tarde pegou um trem,
Nossa Senhora castiça,
De noite Ele rezou Missa
Na casa dum fogueteiro,
Gritava um pai-de-chiqueiro:
Viva o Chefe de Puliça!”

“Eu me chamo Limeirinha,
Nascido lá no Tauá,
Entre casca de angico,
Miolo de Jatobá,
Bico de pato vadio,
piscilone, zeazá.

“Aonde Limeira canta
O povo não aborrece,
Marrã de onça donzela
Suspira que bucho cresce,
Velha de setenta ano
Cochila que a baba desce!”

“Onde eu canto de viola
O povo chama São Braz,
A otomosfera agita,
Fica catingando a gás,
Polda de jumenta nova
Rincha de cair pra traz.”

“Carmelita e Carmeluta
É tudo uma coisa só;
Carmeluta é pro chambrego,
Carmelita é pro xodó,
È prato de pirão verde
Com xerém de mocotó,”

“Um General de Brigada,
Com quarenta grau de febre,
matou um casal de lebre
Prá comê uma buchada…
Quando fez a panelada
Morreu e não logrou dela,
Porco que come em gamela
Prova que não tem fastio,
Peixe só presta de rio,
Piau de tromba amarela.”

“Cantador pra cantar com Limeirinha
É preciso ser muito envernizado,
Ter um taco de chifre de veado
E saber decorado a ladainha,
Ter guardado uma pena de andorinha,
Condenar pra sempre o carnaval,
Guardar terra de fundo de quintal
E é preciso engrossar o pau da venta,
Beber leite de peito de jumenta,
Ediceta, pei-bufo, coisa e tal!”

DA REDAÇÃO