Dirigimos a nova geração do Nissan Versa, que chega ao Brasil em junho
Importado do México, o modelo evoluiu muito em estilo, mas nem tanto na parte mecânica. Antecessor continuará em linha
AGUASCALIENTES, MÉXICO – Lançado no Brasil em 2011, o Nissan Versa jamais foi considerado um carro bonito. Espaçoso, confortável e honesto, tudo bem… mas bonito, nunca!
Tal conceito, porém, está para mudar. A nova geração do modelo chegará ao Brasil em junho trazendo — enfim! — linhas que conversam entre si. O carro ganhou estilo e um quê de sofisticação.
Importado do México, este Nissan Versa moderno conviverá com o modelo antigo, que continuará a ser produzido em Resende, no Estado do Rio. A ideia é que a nova geração, com motor 1.6 de quatro cilindros, brigue com carros como o VW Virtus, o Chevrolet Onix Plus e o Hyundai HB20S, enquanto seu antecessor, rebatizado de V-Drive , seja mantido como sedã de entrada, para uso profissional.
Os preços ainda são um mistério… A julgar pela estratégia da Nissan, podemos estimar que esse novo Versa ficará na faixa dos R$ 65 mil para cima (a versão mais simples do modelo antigo, com motor 1.0 de três cilindros, hoje custa R$ 53 mil).
Para EUA, China e… Brasil
Estivemos no México para visitar a (gigantesca) fábrica do carro, na cidade de Aguascalientes, que já começou a exportar o novo Versa para os Estados Unidos e até para a China.
O México, vale dizer, foi o primeiro país fora do Japão a ter uma fábrica da Nissan, em 1966. A marca domina o mercado local desde os tempos do lendário sedã Tsuru, que ficou em linha por 35 anos, deixou de ser produzido em 2017 e, até hoje, ainda é o táxi mais visto nas ruas do país.
Pelo visto, tal popularidade já foi transferida para o novo Versa que, lançado há apenas dois meses, já é o modelo mais vendido no México. Mais: se o novo Versa fosse uma marca à parte, já estaria em quarto lugar no ranking dos fabricantes instalados no país. Foi na terra dos tacos e guacamole que pudemos travar um primeiro contato com o carro.
O comprimento total não mudou: 4,49 metros. A plataforma ainda é basicamente a mesma “V” usada no antecessor e no utilitário Kicks. O entre-eixos, contudo, está 2cm maior (agora são 2,62m).
Por fora, bela viola
O desenho é um trabalho conjunto dos centros de design da Nissan no Japão e em San Diego, nos EUA. Se as linhas externas já impressionam, no interior parece que o Versa saltou duas gerações, abandonando aquela aparência dos anos 90. Agora, é como se estivéssemos em um Kicks versão sedã.
Gostamos do revestimento de couro pespontado, inclusive no volante, mas há detalhes que deixam a desejar, como a alavanca molenga que regula a altura do banco do motorista.
As versões mais caras trarão itens de segurança como freio automático de emergência, alerta de ponto cego, alerta de tráfego cruzado (ao sair de vagas em marcha ré) e até câmera de 360° para facilitar as manobras. De série, há seis airbags e controle eletrônico de estabilidade. Ainda não se sabem as especificações exatas para o Brasil.
O espaço continua muito bom. No banco traseiro, sobra lugar para as pernas. O problema ali é que um passageiro de 1,80m de altura ficará com o cocuruto rente ao forro do teto, por causa da curvatura da capota. Largo e profundo, o porta-malas aumentou sua capacidade de 460 para 482 litros.
Volante ajustado em altura e distância, e vamos para uma voltinha de 70km entre o centro de Aguascalientes e o município de Calvillo. Nesse breve circuito de avaliação, sobre asfalto bom e ruim (condições bem semelhantes às do Brasil), constatamos que a Nissan fez um belo ajuste da direção assistida eletricamente, bem como da suspensão, mais rígida na traseira. Firme, o novo Nissan rola pouco nas curvas, mas é suave nos topes (palavra mexicana para quebra-molas). Transmite segurança. “Nosso” carro estava com pneus Continental 205/50 R17, enquanto a maior medida usada atualmente no Versa brasileiro é 195/55 R16.
Um aspirado na era do turbo
O 1.6 16v aspirado da versão mexicana agora rende 118cv (contra os 111cv do Versa 1.6 made in Resende). Ainda não se sabe qual será a potência a versão flex vendida em nosso mercado.
O pessoal da Nissan o considera esse motor uma “nova geração” e o batizou de HR K2. Trata-se, contudo, do HR K1 que conhecemos no Brasil, só que com um tratamento extra na usinagem para ter menos atritos internos — as paredes dos cilindros, por exemplo, são verdadeiros espelhos. Também entram na receita, novo mapeamento da central eletrônica e peças móveis mais leves.
Faltam, porém, turbocompressor e injeção direta, que já equipam muitos compactos brasileiros, seguindo a tendência mundial. Graças à mecânica mais simples, e teoricamente mais robusta, a manutenção do Versa deve ser mais barata — o que é bom, especialmente, para quem trabalha com o carro. Só não espere qualquer emoção.
Depois de uma boa resposta inicial do acelerador, ao se partir da imobilidade, vem aquela sensação de patinação que conhecemos tão bem dos Kicks com câmbio CVT. Essa caixa tem seis marchas simuladas, mas o motorista não pode fazer as trocas manualmente.
Na prática, o carro bebe pouco. Nosso computador de bordo marcava 12,5km/l entre trânsito pesado na cidade e ritmo animado na estrada — as indicações da Nissan mexicana falam em até 24,6km/l (!) em rodovia, usando gasolina local, com apenas 5% ou 10% de etanol. O que mais impressiona, contudo, é a evolução no isolamento acústico: em velocidade de cruzeiro de 140km/h, vamos em silêncio e com poucas vibrações.
Em resumo: o Nissan Versa continua o carro honesto de antes, só que agora é bem mais bonito.
FICHA TÉCNICA
Nissan Versa (geração N18).
Origem: México. Motor: Quatro cilindros, 16 válvulas, aspirado, 1.598cm³. Potência de 118cv (a 6.300rpm) e torque de 15,2kgfm (a 4.000rpm) Transmissão: Tração dianteira, câmbio CVT com seis marchas simuladas Suspensão: Mcpherson na dianteira, eixo de torção na traseira. Dimensões: 4,49m (c), 2,62m (e-e), 1,139kg (peso). Desempenho: Não informado pelo fabricante.
Fonte: undefined – iG /vavadaluz