5 dicas para fugir das ciladas na hora de comprar um seminovo
Saiba detalhes sobre como proceder se você decidiu levar para casa um carro seminovo para sua garagem que vale mesmo a pena
Está pensando em comprar um carro usado? Apesar de algumas esperanças para o reaquecimento da economia, ela ainda não está boa. Com isso, a população está — ou deveria estar — dosando os gastos e pensando ao máximo no melhor custo-benefício, para não sair perdendo dinheiro à toa. Por exemplo: qual a razão para comprar um hatch compacto básico, novo, que irá depreciar rapidamente, se você pode pegar até um SUV completo e semionovo, pelo mesmo preço, e com valor estabilizado no mercado? Veja a seguir os cuidados na compra de seminovo.
Segundo a Fenabrave, foram vendidos 9.277.254 seminovos em 2018, ante 2.101.842 carros novos. Logo, nota-se que o “cheirinho de novo” já não conquista tantas pessoas tanto quanto antes de 2015, ano que houve a queda generalizada no mercado automotivo e o rápido crescimento no segmento dos usados. Entretanto, diferente de quando compramos roupas e acessórios, a compra de seminovo exige mais atenção e calma na hora de finalmente “assinar o cheque”. Existem várias providências e cuidados que precisam ser tomados para que o tão sonhado “carro da família” traga só felicidades. As dicas da compra de seminovo são do superintendente do Auto Shopping Internacional, Carlos Eduardo Barros, e do empresário Leonardo Macedo.
1- Entender o processo
“É preciso estar atento aos detalhes, entender cada passo de todo o processo e estudar bastante a compra e o local”. Isso é o que afirma Carlos Eduardo Barros, defendendo que o consumidor deve ir por partes e saber do âmbito geral, antes de mergulhar nos detalhes. Logo, é essencial saber que o processo se resume em: ver o carro – agendar/checar a vistoria do carro – ir ao cartório (ou desistir da compra) – efetuar o pagamento somente após o reconhecimento da firma – fazer a transferência no Detran.
2- Saber avaliar um anúncio
O primeira ponto que deve ser observado é quanto estão pedindo todos os anunciantes de um mesmo modelo, em uma mesma região. Mas de modo geral, se o carro tem menor quilometragem, for de um ano/modelo mais recente, estiver em um ótimo estado de conservação (à primeira vista), manutenção em dia, entre outros fatores, o valor pedido poderá ser alto em relação aos outros. Agora, se estiver devendo nesses quesitos, ou até estiver com pendências na documentação, histórico de roubo, furto, sinistro, leilão entre outros, o valor deverá ser mais baixo que o cobrado pelos demais. Vale lembrar que esses vícios — potencialmente ocultados quando um vendedor de má fé apresenta o carro seminovo — são todos revelados com o laudo cautelar.
Outra questão polêmica entre compradores e vendedores é a tabela Fipe. Segundo Leonardo Macedo, a Fipe sempre foi uma referência média sobre a qual os carros são anunciados. Se o carro for melhor que a média, era anunciado por um valor acima dela, caso contrário, venderia abaixo. Entretanto, pontua que com o esfriamento do mercado há alguns anos, desde então é difícil alguém conseguir vender qualquer carro pelo valor da Fipe ou superior.
“Carro vale o quanto o consumidor acha que vale, principalmente em tempos de crise. Na conjuntura atual, não se vê quase ninguém cobrindo o valor da tabela — com raras exceções, em que a maioria dos anunciantes de um mesmo modelo estejam pedindo o valor da Fipe. Com isso, na maioria dos casos, mesmo que o vendedor tenha um carro que valha mais que outros similares, se ele pede acima da Fipe, está pedindo caro”, afirma o empresário.
3- Saber avaliar um carro
Este tópico vai girar em torno de um parênteses feito no item acima, que foi o “estado de conservação (à primeira vista)”. Até então o que se aprendeu foi quando vale a pena tomar um tempo para ir visitar um carro ou não, uma vez que a descrição no anúncio de carros já pode ter esclarecido/apresentado um pouco do carro, as fotos podem ter agradado (ou não) à primeira vista, o vendedor pareceu ser solícito ao telefone (algo importantíssimo para quando, por exemplo, ambos forem realizar a vistoria cautelar caso o carro não tenha uma).
O empresário Leonardo Macedo brinca que anúncio de carro é como o Tinder: às vezes é lindo na foto, mas ao vivo… já viu. Logo, há alguns pontos a se olhar, mas com um que é chave em primeiro lugar: a coerência geral do carro. Ele está bom demais para ser verdade? Como ver isso? Aqui vai um exemplo: não é possível um carro de 10.000, 20.000 km apresentar desgastes nos acabamentos, no volante, pedais, banco do motorista e nos pneus, além de ruídos e odores suspeitos; bem como um carro não batido que tem diferentes tonalidades entre as peças, desalinhamento no capô, para-choques, portas e dobradiças; ou até mesmo este carro de 10.000 km custar o mesmo que outros com 40.000, 50.000, 100.000 km rodados, sem que o vendedor tenha dito nada sobre.
Vendedores de má fé voltam a quilometragem no painel, limpam o motor para esconder vazamentos, fazem consertos provisórios que sempre deixam rastros (muitas vezes sutis, logo analise o carro com os sentidos aguçados), não comentarem sobre pendências e históricos negativos, e até mesmo, vendem o carro abaixo do preço para mexer com o psicológico do comprador. A dica é simples: veja se o que você está vendo faz sentido. E independentemente disso, sempre vale a pena fazer um laudo cautelar , pois os vícios ocultos pegam até os mais experientes de surpresa depois.
Antes de cantar vitória porque conseguiu o carro que tanto queria, vá com calma. Ambos os especialistas falam sobre a compra de carros em lojas físicas. Quanto ao empresário Leonardo, nos relatou que em seus 25 anos de experiência no mercado automotivo já vivenciou diversos casos de lojas que venderam carros consignados e sumiram tanto com com o dinheiro, quanto com o carro. Diante disso, se pretende comprar um carro, seja ele consignado, de loja ou não, você deve pagar só quando tiver o carro e o documento de transferência com firma reconhecida em mãos.
Outro exemplo que pode acontecer é de comprar algum carro usado de locadora que o vende ainda alienado. Existem chances disso ocorrer porque elas compram lotes das fabricantes por um valor abaixo da tabela e financiado, em algumas vezes. Portanto, é preciso dar uma olhada no Gravame (desalienação), que consta no sistema do Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Para dar baixa, apenas com a quitação do financiamento.
5- “Batismo”
Já está com as chaves em mãos e em dia com o cartório? Agora é hora da última missão, antes de poder chamar o “novo integrante da família” de seu: que é transferir o nome no Detran. Não só porque você toma uma multa, se, em 30 dias após a aquisição, o carro não for transferido, como também o comprador se arriscará a perdê-lo e ter que se defender na justiça. Como? Se o antigo dono sofrer algum tipo de demanda judicial que inclua o veículo como um bem a ser penhorado, e o comprador ainda não fez a transferência no Detran, se prepara para a dor de cabeça.
Para realizar a transferência, é necessário fazer a vistoria de identificação veicular (transferência), com uma Empresa Credenciada de Vistoria (ECV) e ir para uma unidade do Detran ou do Poupatempo com cópia da habilitação, comprovante de endereço (conta de luz, ou água ou condomínio) e dut de transferência com firma reconhecida por ambos. Lá serão pagas as taxas de transferência, e se for em outra cidade, haverá o pagamento e a instalação das placas. Caso haja licenciamento pendente, eis outro item a se regularizar na hora da compra de seminovo .
Fonte: Carros – iG /VAVADALUZ