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JÁ TIVEMOS OITO DESISTENTES: quem será o próximo a recuar? Por Felipe Nunes

JÁ TIVEMOS OITO DESISTENTES: quem será o próximo a recuar? Por Felipe Nunes

 

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No dia primeiro de janeiro de 2018, ninguém imaginava a formação da atual conjuntura pré-eleitoral, com a desistência de nomes dados como certos na eleição de 2018 e a solidez de outros personagens tidos como insustentáveis. A temporada dos grandes recuos foi aberta com o prefeito da capital, Luciano Cartaxo (PV), tido como favorito na corrida pelo Palácio da Redenção. A decisão em permanecer no comando da prefeitura se deu após desentendimentos com outros integrantes da oposição, como o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), que também se colocava como pré-candidato, e o senador José Maranhão (MDB), que reafirmava sua postulação desde o início do ano passado.

Após o anúncio de Cartaxo, o prefeito campinense se viu pressionado por integrantes do seu próprio partido a tomar uma decisão rápida e também desistiu da disputa. Logo em seguida, ele indicou a esposa Micheline Rodrigues para ocupar a vaga de vice na chapa oposicionista, encabeçada agora por Lucélio Cartaxo (PV), irmão do prefeito da capital. Dos principais nomes que se colocavam à disposição da oposição, somente José Maranhão permaneceu, e tem mostrado um fôlego surpreendente, aglutinando apoios por todo o Estado.

Uma das maiores expectativas girava em torno do governador Ricardo Coutinho, que tinha praticamente certa uma vaga no Senado, a depender das pesquisas internas que o colocavam na dianteira. As especulações aconteceram até o último segundo, mas Ricardo surpreendeu a todos ao anunciar que continuaria no cargo. Ele enfrentava um dilema e um conflito de entendimentos com Lígia Feliciano, atual vice-governadora e que almejava uma ascensão rumo à Granja Santana. Ricardo preferiu ficar no poder para preservar seu projeto político e projetar o nome de João Azevedo (PSB), que é o pré-candidato oficial do seu governo.

A morte de Rômulo Gouveia também é apontada como fator decisivo para a desistência de outras postulações. Após esse fatídico e triste episódio, iniciou-se uma crise no PSD, que ficou sem a destreza política do deputado falecido. A viúva Eva Gouveia logo se colocou como postulante ao cargo de deputada federal. Almejava captar o espólio do marido, mas logo em seguida, através de carta, disse que esse é o momento para “reorganizar as estruturas familiares”, e saiu da disputa. Nos bastidores, porém, aponta-se que as bases de Rômulo estavam se dissolvendo e sendo disputadas por outros candidatos a deputado federal.

Na esteira dessa decisão de Eva, o senador Raimundo Lira, de repente, interrompeu sua campanha e “sumiu” da Paraíba. Logo, as especulações sobre a saída dele do páreo, mostraram-se verdadeiras. Também em carta aos paraibanos, Lira retirou sua pré-candidatura e apontou como fatores decisivos a morte de Rômulo e os pedidos da família, em especial da esposa, Gitana, para que ele deixasse a disputa. Nos bastidores da política, porém, aliados do senador apontam que ele estava caminhando sozinho, sem o engajamento necessário dos seus companheiros de chapa.

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Outros nomes também saíram da disputa de 2018, como o ex-prefeito de Sousa, André Gadelha (MDB), que logo no início do ano abandonou a disputa por uma vaga na ALPB. Mais recentemente, o deputado Estadual Arnaldo Monteiro abdicou da disputa à reeleição em favor do filho, o ex-prefeito de Esperança, Anderson Monteiro. Outro nome de peso, Ricardo Marcelo, ex-presidente da ALPB, também anunciou afastamento da vida pública.

O cientista político José Artigas explica que há um conjunto de fatores por trás dessas desistências, além das circunstâncias políticas citadas na reportagem. De acordo com ele, sem capacidade concorrencial e competitiva, enfrentar uma campanha eleitoral é inviável, principalmente após a redução do tempo de campanha para 45 dias e o fim das doações empresariais.  No caso de Raimundo Lira, Artigas aponta que os números das pesquisas internas certamente foram preponderantes para a decisão tomada por ele.

Artigas afirmou que a desistência de Luciano Cartaxo se deu pela dificuldade em fechar uma coligação competitiva e comparou a pré-candidatura de Lucélio Cartaxo a um “balão de ensaio”. Ele apontou como razões para isso o fato de Lucélio não ter conseguido fechar um arco de alianças amplo, além da pequena estrutura do Partido Verde (PV), que praticamente não possui tempo de TV, fundo partidário nem diretórios estaduais. “Mesmo sendo um nome conhecido, não é suficiente para uma candidatura competitiva”, explicou.

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Artigas também apontou que a pré-candidatura do senador José Maranhão não é competitiva por causa da fragilidade do MDB, cuja representação foi reduzida no legislativo e nas prefeituras, apesar do nome do senador ainda possuir um considerável espólio eleitoral em todas as regiões da Paraíba. De acordo com ele, as candidaturas proporcionais serão impactadas, caso a candidatura de Maranhão seja mantida. “O MDB terá uma grande dificuldade de recompor sua bancada estadual e federal, vai ter muita dificuldade de montar palanques no interior”, explicou.

O cientista político, no entanto, acha pouco provável novas desistências, inclusive no bloco oposicionista, sob o risco da candidatura governista se tornar imbatível. “A essa altura do campeonato, mudar candidatura seria um erro tremendo, pois houve um investimento para construir essa candidatura, embora não solidificada, mas relativamente forte. Uma desistência significa deixar o espaço aberto para o candidato do governador Ricardo Coutinho”, pontuou.

Fonte: Polêmica Paraíba

Créditos: Felipe Nunes