A caserna volta a rugir
Horas antes do julgamento do habeas corpus de Lula, a alta cúpula do Exército ecoa a insatisfação no meio militar e se diz atenta “às suas missões institucionais”, enquanto o ex-comandante do Leste fala abertamente em intervenção
O Brasil, definitivamente, é um País que gosta de brincar com fogo. Desde o golpe de 1889 até 1964. Nada, no entanto, surgiu por geração espontânea. Aos poucos, foram criadas as condições até ser engrossado o caldo que levaria à ruptura. Portanto, não é necessário praticar malabarismo mental para concluir onde podemos parar, se responsabilidade faltar aos nossos atores políticos. Nas últimas horas, não bastasse a atmosfera de altíssima tensão que permeia o julgamento do habeas corpus de Lula, houve quem ateasse mais gasolina à fogueira.
Nessa terça-feira, 3, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou: “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”.
Como um rastilho de pólvora, a mensagem publicada no twitter ganhou corpo. Em resposta ao general, o comandante militar da Amazônia até o mês passado, general Antonio Miotto, fez coro: “Comandante! Estamos juntos na mesma trincheira! Pensamos da mesma forma! Brasil acima de tudo! Aço!”.