Saiba por que esses preços são possíveis no Brasil. E por que eles não são praticados hoje em dia no País
Todo mundo sabe que os preços dos carros no Brasil andam pela hora da morte. Aliás, sempre foi assim. Os anos passam, entra governo, sai governo, e a nossa busca por um “culpado” continua sem desfecho. Os consumidores culpam as montadoras, que seriam gananciosas na busca do lucro. As montadoras culpam o governo, que seria ganancioso na busca dos impostos. E o governo culpa a conjuntura global, o Aiatolá Khomeini, o Lula, a Dilma e talvez até o Papa.
Nunca foi tão válido o ditado popular: em casa sem pão, todo mundo grita e ninguém tem razão. Custo Brasil? Lucro Brasil? Onde está o erro pelos altos preços dos carros? Quem é o culpado por nos esfolarem quando compramos um automóvel?
Em fevereiro de 2015, o carro mais barato da Fiat, o Palio Attraction 1.0, custava R$ 36.760. Em fevereiro de 2016, saía por R$ 40.540 (um aumento de 10,3% contra uma inflação de 12,4%). Agora, em agosto de 2017, o Palio mais barato custa R$ 45.240 (um aumento de 11,5% contra uma inflação de apenas 3,1%). Isso derruba em parte o argumento de que o carro sobe menos do que a inflação, mas hoje os carros são mais equipados.
Outro argumento dos fabricantes é que o carro era muito barato em dólar. Considerando o câmbio de cada época, um Fiat Palio Fire que custava US$ 7.326 em dezembro de 2015, era vendido por US$ 8.866 em dezembro de 2014 e por US$ 10.636 em dezembro de 2013. Portanto, se há épocas em que o carro é barato em dólar, também há aquelas em que ele é caro em dólar.
Hoje, mesmo com o dólar alto, o Palio mais barato custa US$ 14.375, enquanto o novo carro de entrada da Fiat, o Mobi Easy, sai por US$ 10.870. Considerando que estamos falando de um carro pouco equipado, ele pode ser tudo, menos barato em dólar. Além disso, os consumidores brasileiros recebem seus salários em reais (aqueles que ainda recebem salários).
Impostos que pesam na conta
Mas o problema maior, acredite, não está na política de preços dos fabricantes. Mesmo cobrando caro, muitas montadoras ainda perdem dinheiro. A principal causa (e que as pessoas esquecem de cobrar) são os altos impostos. No Brasil, os impostos representam incríveis 48,2% para carros até 1000 cm 3 de cilindrada e 52,3% para automóveis até 2000 cm 3 . Acima dessa cilindrada, são cobrados abusivos 54,8%. Na média, ficariam acima de 50%. No Japão, esses impostos são de 5% e na Itália chegam a 22%. Mas, para citar dois países mais próximos ao Brasil, com grande produção local, temos o México com 16% e a Argentina com 21%.
Se o Brasil tivesse a mesma política de impostos da Argentina, um Fiat Mobi Easy 1.0 de R$ 34.210 poderia sair por R$ 24.905. Um Renault Kwid 1.0 de R$ 29.990 custaria apenas R$ 21.833. Tem mais: com os mesmos impostos argentinos, um Jeep Compass 2.0 de R$ 105.990 seria vendido por apenas R$ 72.816. E uma picape Fiat Toro 2.4 de R$ 100.270 custaria atraentes R$ 66.379.
Como se vê, o problema mais uma vez está em Brasília. O governo, guloso nos impostos e generoso com os políticos de sua base, não move uma palha para mudar essa situação. Aliás, ao contrário do que acontece em muitos países, no Brasil todos os impostos são canalizados para o consumo e não para a renda. Isso sacrifica tremendamente as pessoas que ganham menos.
Um cidadão que recebe R$ 5.000/mês e comprou um carro 1.0 financiado, paga o mesmo imposto que outro que ganha R$ 50.000/mês e comprou o mesmo carro 1.0 para sua filha que passou no vestibular. Na prática, o imposto do homem que ganha R$ 5.000 será dez vezes maior do que o imposto do homem que fatura R$ 50.000. E isso vale para tudo, do pãozinho que se compra na padaria até o automóvel último tipo.
Fonte: Carros – iG /VAVADALUZ
O povo é de uma torneira só. Os idiotas que pagam preços absurdos na verdade estão nos dizendo o ‘valor’ de seus egos. Dinheiro e Egocentrismo dão choque, mas a vaidade parece ‘amortecer’ a exploração.
Bom comentário Sra Tereza. Realmente a vaidade parece amortecer a exploração. Não merecemos isto.
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