Para o presidente da ANPR, medida pode provocar um “retrocesso indelével para a operação mais extensa e importante de combate à corrupção do País”
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) enviou nota à imprensa na qual critica a decisão tomada pela direção da Polícia Federal, de encerrar as atividades do grupo de trabalho da Operação Lava Jato em Curitiba (PR) . A entidade considera que a medida poderá provocar um “retrocesso indelével” para as investigações.
“A diminuição da força e das horas de trabalho da equipe até agora designada com exclusividade para atuar na maior investigação de combate à corrupção do país pode representar um retrocesso indelével para a operação mais extensa e importante de combate à corrupção do País, e que já recuperou mais de 10 bilhões de reais para os cofres públicos”, diz o texto, assinado por José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República.
A nota diz que a eficiência dos órgãos de combate à corrupção “é um dever constitucional do Estado”. “Rearranjos administrativos não podem colocar em risco o funcionamento dos órgãos do Estado, nem comprometer a continuidade de trabalhos estratégicos marcados pela excelência nos meios e nos resultados, como é exemplo a Operação Lava Jato”, acrescenta a associação.
Segundo Cavalcanti, “nos últimos três anos, com a Operação Lava Jato , o País vem acompanhando os resultados de um trabalho conjunto, coeso e técnico que está desnudando esquemas de corrupção da mais elevada complexidade. Há ainda muitas linhas de investigação a serem desenvolvidas, documentos a serem analisados e recursos a serem a devolvidos ao país, muitas destas iniciativas a cargo ou dependendo da colaboração da Polícia Federal”.
Força-tarefa no Paraná
O MPF (Ministério Público Federal) no Paraná também enviou nota para criticar a decisão da PF. “A anunciada integração, na Polícia Federal , do Grupo de Trabalho da Lava Jato à Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas, após a redução do número de delegados a menos de metade, prejudica as investigações da Lava Jato e dificulta que prossigam com a eficiência com que se desenvolveram até recentemente.”
“O efetivo da Polícia Federal na Lava Jato, reduzido drasticamente no governo atual, não é adequado à demanda. Hoje, o número de inquéritos e investigações é restringido pela quantidade de investigadores disponível. Há uma grande lista de materiais pendentes de análise e os delegados de polícia do caso não têm tido condições de desenvolver novas linhas de investigação por serem absorvidos por demandas ordinárias do trabalho acumulado”, acrescenta o texto enviado pelos procuradores do Paraná.