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CARROS EM BAIXA PODE SER UM BOM NEGOCIO

Longe das categorias mais inflacionadas, pode ser interessante investir em monovolumes, minivans, picapinhas e outros segmentos em baixa

Citroën Aircross é um dos carros de nicho que continua recebendo investimentos por parte da marca francesa
Divulgação

Citroën Aircross é um dos carros de nicho que continua recebendo investimentos por parte da marca francesa

O mercado automotivo é cíclico. No Brasil, à exceção dos dois segmentos historicamente mais fortes (hatches compactos e sedãs médios), muitas outras configurações já entraram e saíram de moda, e acabaram virando carros de nicho. A bola da vez são os SUVs, e eles parecem ter bala na agulha para continuar na moda, como já falamos aqui em outra coluna. No momento, essas três categorias dominantes estão repletas de opções, e mesmo assim inflacionadas em termos de preços, salvo honrosas exceções como o Renault Kwid (já falamos desse caso aqui há duas semana). 

 Outras categorias ganham relevância e depois somem com a mesma velocidade. Peruas e cupês tiveram algumas décadas de glórias, mas estão quase desaparecidos. Outros fenômenos mais recentes ainda buscam um lugar ao sol, como monovolumes compactos, minivans, hatches médios, picapinhas e SUVs derivados de picapes. Todos viraram carros de nicho , mas há ainda quem aposte neles – montadoras e clientes. E todos podem se beneficiar disso.

O benefício ao consumidor é óbvio: essa variedade de configurações, mesmo que em menor variedade de oferta, pode servir a algumas necessidades bem específicas. Minivans de sete lugares, versáteis e espaçosos monovolumes, peruas com grande espaço de carga, picapinhas para trabalhos leves, hatches médios com pegada mais esportiva, SUVs feitos sobre chassi (mais robustos e ideais para reboque). É importante que todos eles sobrevivam para atender a essas demandas do público.

Carros que não estão na moda podem ser bons negócios

Toyota SW4 é um dos raros SUVs derivados de picape ainda no mercado. E tem público fiel
Divulgação/Toyota

Toyota SW4 é um dos raros SUVs derivados de picape ainda no mercado. E tem público fiel

Além disso, por não serem os carros da moda, é possível encontrar melhores preços e condições de pagamento. E para os fabricantes, será que é interessante apostar em categorias de menor apelo de público? Isso depende de cada caso, mas as oportunidades de sucesso são muitas. Vou citar um fenômeno recente que vem dos EUA. Por lá, os SUVs derivados de picapes reinaram até o começo dos anos 90, até surgirem com sucesso os SUVs monobloco, derivados de carros de passeio, mais confortáveis e seguros. Aos poucos, os SUVs à moda antiga foram sumindo do mapa, até restarem apenas dois entre os compactos (no padrão americano): o Jeep Wrangler e o Toyota 4Runner (similar ao Hilux SW4 vendido aqui). Todos os outros body-on- frame (carroceria sobre chassi) que restaram são os chamados SUVs full-size, grandalhões derivados de picaponas. 

 Pois bem, com menos competidores nesse nicho, os dois sobreviventes estão vendendo muito bem. Tanto, que a Ford decidiu voltar ao jogo, e vai relançar em 2019 o Ford Bronco, derivado da picape Ranger. Pode parecer pouco frente às dezenas de opções de SUVs monobloco, mas é um mercado garantido, com alta fidelidade de clientes e com enorme potencial para customização. A lição é clara: não há espaço para tantos jogadores em segmentos encolhidos, mas os remanescentes podem se beneficiar dos clientes fiéis à categoria, obtendo bons volumes e lucratividade.

 Vejamos alguns exemplos no Brasil. A Citroën mantém os pés firmes no segmento de minivans e monovolumes. A marca francesa acaba de renovar a C4 Picasso e introduzir câmbio automático de seis marchas no Aircross. Uma decisão estratégica interessante, pois ela não tem rede, nem musculatura financeira, para brigar com marcas maiores nos segmentos mais importantes. Entre as minivans, a C4 Picasso está quase sozinha.

Fiat Strada mantém-se fiel a uma receita tipicamente brasileira surgida no final dos anos 70,  e ainda vende bem
Divulgação/Fiat

Fiat Strada mantém-se fiel a uma receita tipicamente brasileira surgida no final dos anos 70, e ainda vende bem

 Entre os monovolumes, a Fiat já jogou a toalha com o Idea e a Honda tira o pé do Fit para abrir espaço nas suas fábricas à dupla HR-V e WR-V. Resta o Chevrolet Spin, sucesso entre taxistas e uberistas, e sobra espaço para o Aircross, herdeiro dos clientes do extinto C3 Picasso.

 O raciocínio vale para várias outras categorias. Das picapinhas, onde as veteranas Fiat Strada e VW Saveiro ainda vendem um bocado, aos robustos SUVs derivados de picapes (Toyota SW4 e Chevrolet Trailblazer). Passando por nichos com espaço para um ou dois modelos: multivans (Fiat Doblò), furgonetas (Fiat Fiorino), híbridos (Toyota Prius), peruas (Fiat Weekend), crossovers de 7 lugares (Dodge Journey), picapona (Ram 2500). Aliás, a FCA é o grupo que mais aposta em nichos, como se pode notar nessa lista.

 

 Um segmento a caminho de gerar carros de nicho é o do hatches médios, que ainda tem vários modelos, todos vendendo relativamente pouco para o histórico da categoria. Como nos casos citados anteriormente, provavelmente só haverá espaço para no máximo dois sobreviventes. Quem ficará? Golf? Cruze? Focus? 308? Façam suas apostas!

Fonte: Carros – iG/VVADALUZ

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