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Palocci pede prisão domiciliar para delatar Lula e empresas

Ex-ministro, preso desde setembro de 2016, elabora termos de acordo

 

Projeto, empresa de Palocci, prestou serviços ao grupo Pão de Açúcar
CASSIANO ROSÁRIO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO – 26.9.2016

Projeto, empresa de Palocci, prestou serviços ao grupo Pão de Açúcar

BRASÍLIA. O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci tenta negociar, em acordo de delação premiada, que sua pena seja cumprida em um ano de prisão domiciliar e que seus depoimentos sejam focados em banqueiros e empresários, além do ex-presidente Lula. Preso desde setembro de 2016, o petista tem se dedicado à elaboração de sua proposta de acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR) e a força tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Para ter sua delação aceita pelos investigadores, Palocci decidiu revelar os detalhes de operações supostamente irregulares cometidas pelo ex-presidente e um dos donos do BTG Pactual, André Esteves, e o ex-dono do Pão de Açúcar Abílio Diniz. No caso de Esteves, o ex-ministro promete explicar supostas vendas de medidas provisórias no Congresso para bancos privados, nos quais, segundo Palocci, o banqueiro esteve envolvido.

Sobre Abílio, o petista diz que pode detalhar suposta manobra para tentar mantê-lo no controle do Grupo Pão de Açúcar, em meio à disputa com a francesa Casino. O imbróglio, que durou dois anos, culminou na saída de Abílio do conselho do grupo, em 2013. Abílio contratou Palocci para garantir influência no governo a seu favor. A informação foi confirmada ao jornal “Folha de S.Paulo” por integrantes das tratativas do acordo.

O grupo Pão de Açúcar fez pagamentos à Projeto, empresa de Palocci, por meio do escritório do advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, morto em 2014. Notas divulgadas em 2015 pelas partes confirmam as transações. Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), com dados de 2008 a 2011, mostra que Bastos foi o segundo maior cliente da consultoria de Palocci, com repasses de R$ 5,5 milhões.

Em 2015, a Projeto divulgou nota na qual afirma que os pagamentos tiveram como origem o grupo Pão de Açúcar, que contratou o ex-ministro para que ajudasse na fusão com as Casas Bahia.

Para dar início às conversas sobre a delação, procuradores exigiram que o petista confirmasse informações sobre o ex-presidente Lula dadas por ex-executivos da Odebrecht, principalmente no que diz respeito à conta “Amigo”. Segundo Marcelo Odebrecht, Palocci operava uma conta-propina, destinada às demandas políticas de Lula.

Respostas. A defesa de Lula afirmou que a Lava Jato “não conseguiu apresentar qualquer prova sobre suas acusações contra o ex-presidente”. A assessoria de Abílio disse que o contrato entre a empresa de Palocci e o escritório de Bastos foi alvo de investigação e não apresentou irregularidades. A assessoria do BTG Pactual não comentou.

Prisão

Incabível. O ministro Luís Roberto Barroso julgou incabíveis os pedidos de habeas corpus feitos pelo ex-ministro Palocci e pelo seu ex-assessor Branislav Kontic, e os manteve presos. 

iG Minas Gerais |

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