Empresa recebeu R$ 429 milhões para gerir presídios do AM em 2016. Diretora não foi localizada para comentar massacre na virada do ano.
Uma casa antiga e malconservada em uma região modesta do Centro de Fortaleza é o endereço da residência de Arleny de Oliveira Araújo, diretora financeira da Umanizzare Gestão Prisional e Serviços S.A –que, segundo informações do Portal da Transparência do Amazonas, recebeu R$ 429 milhões do governo local para gerir seis presídios no estado.
A empresa administra dois presídios no Tocantins e seis no Amazonas, entre eles o Complexo Penitenciário Anísio Jobim, onde 56 presos morreram em uma rebelião nesta semana. O endereço de Arleny consta em documento da Junta Comercial de São Paulo, onde está a sede da empresa, cujo capital social é de R$ 62 milhões.
Segundo a assessoria da Umanizzare em Fortaleza, Arleny não é sócia da empresa. “É contratada da LFJ para ser sua representante legal junto à Umanizzare, uma sociedade anônima, da qual a LFJ tem participação acionária”. Em uma empresa S.A, os diretores são representantes legais do negócio.
A Umanizzare é formada pela LFJ Participações S.A e pela Celi Participações S.A, que pertence a Regina Celi Carvalhaes de Andrade, outra diretora da Umanizzare. Segundo o registro na Junta Comercial, Regina mora em um condomínio de alto padrão em Goiânia (GO).
O G1 esteve no endereço de Arleny duas vezes nesta quinta-feira (5). Nas duas ocasiões, uma mulher dentro da casa, que não se identificou, se recusou a falar coma reportagem. Limitou-se a dizer que não conhecia Arleny e não iria comentar o assunto.
Em seguida, as cortinas e janelas foram fechadas. A assessoria da empresa confirmou que Arleny mora no local, mas não se identificou por ter ficado assustada.
Na garagem estão estacionados dois carros populares, que vizinhos afirmam pertencer ao dono da residência. “Na casa moram pelo menos três pessoas e tem sempre movimentação por aí, mas por aqui ninguém sabe se mora alguma dona Arleny”, disse um vizinho que prefere não se identificar.
Segundo um comerciante da rua, na casa mora uma família, e um dos moradores é um agente que trabalha na Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). “Eles são muitos discretos. Não falam com ninguém, mas não aparentam ser pessoas ruins. O rapaz que não sei o nome trabalha na Pefoce. Sei porque ele chega meio-dia em um carro da empresa. Entra na casa e depois de duas horas sai. Também mora lá um bebê”, disse.
Outra diretora
Regina Celi Carvalhaes de Andrade é o nome da outra diretora da Umanizzare que consta no documento da empresa na Junta Comercial. O endereço informado como sendo da casa dela fica em um bairro de classe média alta de Goiânia, perto dos maiores shoppings da capital de Goiás. O porteiro do prédio de luxo indicado confirmou que Regina Celi mora ali, mas disse que ela não estava em casa.
O consórcio que administra os seis presídios do Amazonas é formado pela Umanizzare e pela LFG, da qual Regina Celi é uma das sócias. O G1 esteve no endereço que consta no registro da empresa, na Cidade Empresarial, mas a recepcionista informou que a LFG havia mudado para São Paulo há quatro meses.
Outro lado
Em nota, a Umanizzare informa ser uma empresa sediada em São Paulo, com escritório na avenida Faria Lima, 4.221, 2º andar, sendo uma sociedade anônima que tem gestão corporativa e que “segue as melhores práticas de governança do mercado, conforme as regras das S.As, com direção e corpo executivo profissionalizados”
As empresas controladoras da Umanizzare e suas representantes legais, conforme a nota, nāo atuam na gestão direta da empresa, que fica a cargo de uma diretoria executiva constituída para esse fim.
A empresa possui mais de 50 colaboradores diretos na central de Sāo Paulo e cerca de 2 mil funcionários espalhados nas unidades cogeridas por ela no Brasil. “O modelo societário escolhido para a Umanizzare visa preservar, pela característica da sua atividade empresarial, a segurança de seus sócios e da sua direção”, diz a empresa.
G1
Mais um caso para a Polícia Federal.
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