SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3; PETR4) viu seu prejuízo líquido saltar mais de 4 vezes no 3° trimestre quando comparado com o mesmo período de 2015, para R$ 16,458 bilhões, em meio a impairment (baixas contábeis) de ativos e de investimentos em coligadas no valor de R$ 15,709 bilhões. A média das projeções dos analistas compiladas pela Bloomberg apontava lucro líquido de R$ 1,6 bilhão. No 2° trimestre deste ano, a estatal registrou lucro líquido de R$ 370 milhões. Esse é o seu terceiro maior prejuízo da sua história, atrás do 4° trimestre de 2015, de R$ 36,9 bilhões, e do 3° trimestre de 2014, de R$ 26 bilhões, que incluía uma baixa contábil de R$ 47,3 bilhões.
Segundo a estatal, o impairment foi decorrente da apreciação do real e aumento da taxa de desconto e da revisão de um conjunto de premissas, tais como preço de Brent e taxa de câmbio de longo prazo, e da carteira de investimentos contemplados no Plano de Negócios e Gestão 2017-2021. Em teleconferência após divulgação de balanço, o CFO da Petrobras, Ivan Monteiro, disse que não espera mais impairment similar ao visto no 3° trimestre.
No acumulado do ano, a companhia ainda tem prejuízo de R$ 17,3 bilhões, contra os R$ 2,102 bilhões apurados entre janeiro e setembro do ano passado. Na mesma base de comparação, a receita saiu de R$ 236,5 bilhões para R$ 212,1 bilhões, queda de 10,3%.
As receitas de vendas da Petrobras atingiram R$ 70,4 bilhões no trimestre, queda de 14,3% em relação ao mesmo período de 2015. A média da estimativa da Bloomberg era de R$ 74 bilhões. Já o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 21,6 bilhões, crescimento de 39,3% na comparação com o ano anterior. A projeção era de R$ 20,7 bilhões. Em relação ao 2° trimestre, o crescimento foi de 6%, principalmente por conta do aumento da produção e exportação de petróleo e aos menores gastos com importação.
O resultado financeiro foi negativo em R$ 7,1 bilhões no trimestre, refletindo as receitas financeiras da ordem de R$ 1,1 bilhão e despesas de R$ 6,1 bilhões, além do efeito do câmbio, de R$ 2,1 bilhões. No mesmo trimestre do ano passado, o resultado financeiro havia ficado negativa em R$ 11,4 bilhões, ante R$ 972 milhões no mesmo trimestre de 2014.
O endividamento líquido da petrólifera chegou a R$ 325,6 bilhões no fim de setembro, queda de 2% ante o fim de junho, quando era de R$ 332,4 bilhões. Com isso, a alavancagem, medida pela dívida líquida sobre o Ebitda, chegou a 4,07 vezes, ante 5,31 vezes no fim de dezembro.
Destaques operacionais
A produção total de petróleo e gás natural da Petrobras foi de 2,869 milhões barris de óleo equivalente por dia (boed), um aumento de 2% em comparação com o 2° trimestre de 2016. Em setembro, a empresa informou que houve vários recordes de produção, dentre eles a de petróleo e gás no Brasil (2.753 mil boed) e a de petróleo e gás operada pela Petrobras na camada pré-sal (1.464 mil boed).
A produção de derivados no Brasil apresentou queda de 3%, totalizando 1,862 milhão barris por dia (bpd), enquanto as vendas no mercado doméstico atingiram 2,088 milhões bpd, uma queda de 1%. O aumento de 9% das exportações de petróleo e derivados, que alcançaram 562 mil bpd.
ig/vavadaluz
O endividamento da Petrobrás, aliado a rede de corrupção, má administração e a queda do petróleo no mercado internacional, levou esta grande empresa ao fundo do poço. No entanto, vemos que a mesma é uma empresa produtiva e lucrativa e para se vislumbrar seu crescimento e credibilidade, tem de ser implantada medidas de reorganização da máquina administrativa.
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