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Blog do Vavá da Luz

Odores incômodos. (Marcos Pires)

  •  Marcos  Pires

    O perfumado leitor com certeza já conheceu alguém cujo corpo exalasse os tais odores incômodos. Desde o vizinho numa poltrona de avião que esqueceu de tomar banho nos últimos 15 dias até o amigo com mau-hálito, toda essa “interação” é terrível. Aliás, com relação a mau-hálito, uma amiga minha é especialista. Diz ela que os portadores desse “bafinho” sempre tem muita coisa para falar e de preferência em forma de segredo para chegar bem pertinho de você. Ela sempre ficou tentada a perguntar se a pessoa aceitaria um Halls preto ou preferia papel higiênico.
    Na verdade, nossa história está prenhe de referências à situação. Tomemos por exemplo o Rei Sol. Luiz XIV, referência de elegância ao longo do tempo, teve escarlatina, sarampo, blenorragia, sarna, febre tifoide, enxaquecas, dores de estômago, gota e fistula anorretal. Por que? Ora, com certeza uma das causas seria porque aquela Majestade, ao longo de toda a sua vida (e viveu 77 anos), tomou no máximo 5 banhos. Todos os seus dentes inferiores eram estragados e na parte superior um único dente, também estragado. Imagine, cauteloso leitor, o hálito real. Por isso é que usava baldes de perfume e praticava o “banho seco”. Ou seja, trocava de roupa várias vezes por dia.
    Mas isso era comum num mundo que acreditava serem os banhos os responsáveis pela transmissão de doenças como a sífilis e a perda do apetite sexual.
    E aí apareceu a peste. Os médicos diziam que os banhos abriam os poros e isso facilitava a entrada da doença no corpo humano. A própria igreja chegou a difundir a ideia de que tomar banho era imoral e que os cristãos deveriam limitar-se a lavar as partes expostas dos corpos, mãos e rosto.
    Imagine então, cheiroso leitor, viver arrodeado de bons cristãos, desses ciosos de suas obrigações religiosas. Ou mesmo a convivência noturna com a esposa ou o marido. É um verdadeiro milagre o fato da raça humana ter continuado a se reproduzir.
    Mas deixemos a história em seu lugar e voltemos aos dias atuais, onde somos obrigados a conviver com muita gente em espaços apertados. Conta aquele meu amigo milionário português, o João Paulo, que certo dia estava no elevador da Corte de Justiça lisboeta. Elevador enorme e lotado, desses que cabem 20 pessoas, quando um humilde cidadão soltou um enorme e sonoro flato (aqui no Brasil usamos outro nome). A excelência que estava no ambiente não se conteve e reclamou: “- Ó pá, como fazes isso na frente da minha esposa? ”. E o homenzinho, muito contrito: “- Desculpe, Excelência, eu não sabia que a vez era dela”. João Paulo filosofou; “- Filhos e flatos nós só aguentamos os nossos”.
    Que COUSA!