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Blog do Vavá da Luz

Meus vigaristas prediletos (Marcos Pires)

 

           Apressado leitor, não pense mal desse título. É que ao contrário dos assassinos, ladrões, falsificadores e outros que tais, tenho pelos vigaristas uma certa simpatia. A razão é que eles só agem se as suas vítimas concordarem em obter algum lucro maior do que o normal. Ou seja, no meu entender as vítimas não são propriamente anjos. Um exemplo simples é a vítima que compra uma máquina que fabrica dinheiro e depois descobre que o equipamento não funciona. Ora, fabricar dinheiro é ilegal, daí o célebre “bem feito! ”.

        Lembro que aqui no Brasil, uns quinze anos passados, apareceu um cidadão que se chamava Omar Kayan. O povo acreditou que ele possuía mais de 100 títulos de Doutor, falava 30 idiomas e 70 dialetos. Já havia sido indicado 3 vezes para o prêmio Nobel. Se o leitor forçar um pouco a memória deve lembrar que ele era figura frequente na televisão, inclusive destaque no programa do Jô. Ganhou uma fábula fazendo palestras e energizando os manés. Como não havia Google na época, ficou milionário e desapareceu depois de descoberto.

           Mas isso é pouco. Em 1925 Victor Lusting simplesmente vendeu a torre Eiffel DUAS vezes. Uma delas para um famoso chefe mafioso americano, que de tão envergonhado ao descobrir o golpe em que caíra, não denunciou o vigarista. Mas esse Victor era uma gracinha de pessoa. De volta à França, reuniu-se com os cinco maiores sucateiros de Paris na suíte presidencial do melhor hotel e disse ser representante do governo francês, que estava passando por dificuldades para manter a torre Eiffel, e pretendia vender sua estrutura a um dos cinco presentes através de lances secretos. O mais “sabido” deles propôs uma comissão tipo lavajato para ser o escolhido, e Victor “constrangidamente” aceitou o suborno. Quem era o maior bandido dos dois?

             Mas tem para todo gosto. Meu amigo Fulano recebeu uma ligação comunicando que havia um deposito de 140 mil reais em seu favor, decorrente de uma ação judicial, mas que era necessário depositar com urgência as custas judiciais. Ele fez o depósito de 20 mil reais e adeus dinheiro. Procurou-me no escritório para resolver a pendencia. Perguntei a ele qual o número do processo que gerara aquela suposta quantia. E ele, bem espantado: “- Mas nunca tive nenhuma questão na justiça! ”. Entendeu, esclarecido leitor, porque às vezes admiro dos vigaristas?

Marcos Pires