Essa carta merece atenção especial. Mais uma vez, um email fajuto para repartir conosco um drama real. Peço um pouco mais de calma nas análises. É uma jovem mulher que se anunciou como Senhorita P, jornalista de Lisboa, a agora cosmopolita e vibrante capital de Portugal. Fiz uma ligeira edição, tentando basicamente trazer o português de Portugal para o do Brasil sem no entanto desfigurar o gracioso estilo original da Senhorita P, e espero ter sido mais competente nisso do que na vez anterior. Ali, tropeçando em letras, troquei o fastio pós-coito de RR, nosso amigo que, na dúvida entre duas namoradas, optou por ambas e se estrepou, e agora está recebendo conselhos deste grupo, conforme se pode ver em textos anteriores. A Senhorita P agora com a voz, que imagino dotada do bonito, marcante, lendário acento português, que me fala forte porque remete a Maria José, portuguesinha do Porto que passou um semestre em minha escola, num intercâmbio, e várias estações em meu coração:
“Mulheres: não cometam o meu erro. O facto é que escorreguei por ingenuidade e agora pago o preço. Ouvi numa roda casual feminina, numa festa, uma rapariga dizer que estava tendo orgasmos enquanto andava. Deus, eu jamais tinha conseguido um orgasmo com penetração, e olhem que não foi por falta de tentativas, apenas por estímulo no clitóris, e alguém chegava ao paraíso simplesmente caminhando? Sou repórter de uma revista, e a curiosidade me fez abordar, na primeira oportunidade, a felizarda, que levava nos braços uma mala Prada berrante.
A rapariga, ligeiramente enfrascada de vodca, me olhou com um certo ar de superioridade, algum desdém, quando lhe perguntei se podia explicar direito o orgasmo andante. Mas não tive que insistir. Como todas as criaturas vaidosas e arrebitadas, ela estava ávida por falar de si mesma. Não contei a ela minhas dificuldades para alcançar o climax amoroso, ou ela se daria ares superiores de Cristiano Ronaldo, o Nojento. Ela parou de falar somente quanto tocou seu telemóvel, um Blackberry como o meu. Mulheres como ela atraem como magnetos homens que colecionam mulheres. “O segredo é um piercing na cona”, ela disse. “Quando ando, o piercing mexe no clitóris e fico tão excitada que parece que uma tempestade desabou sobre mim bem ali. Minha cueca fica encharcada.” Ela me contou que uma vez, chamada pelo chefe na multinacional holandesa em que trabalha, ‘orgasmou’ no trajeto, e teve que ir antes ao banheiro. O resto do relato da rapariga é desnecessário. Ela garantiu que sentia excitação praticamente todo instante, mesmo quando, nos almoços de domingo na casa da mãe, o pai antes da comida pedia a todos que orassem..
Inocente que sou, apesar de repórter, assim que cheguei em casa fui pesquisar sobre o adereço milagroso. Descobri, no centro da cidade, perto do Bica do Sapato, onde almoço quando o jornal paga a conta, uma casa que me pareceu fish. Apenas mulheres trabalhavam lá, e foi um fato crucial em minha escolha. Não gostaria que um homem que nunca vi mexesse em minha área privativa . Mesmo em 2009 há quem, como eu, conheça o significado do pudor. Sim, mesmo sendo jornalista, enrubesço. Quem me atendeu se apresentou como Adélia, morena de Algarve, soube depois, 27 anos, single mother, uma vez que o namorado a engravidou e largou e ela quis a criança. Tinha uma chávena de café nas mãos, e disse que a moda do piercing íntimo tinha conquistado as raparigas de Lisboa . “Não viu que as mulheres aqui parecem mais satisfeitas, rindo sem motivo na rua?” Não entendi se era fato ou piada, confesso, Sr. Hernandez.
Ela me disse que havia diversas espécies de piercing íntimo, e me sugeriu um que me traria, celeremente, os resultados desejados, não exatamente nos lábios inferiores, mas perto, numa região menos sensível. Doeria menos, ela informou. Topei. Com o carinho possível, Amália fez o que tinha que fazer. A dor que senti ali naquele momento, me faltam palavras para contá-la, Sr. Hernandez. Sabe quando seu dedo fica preso na porta de uma carrinha? Era essa espécie de dor.
Com o passar dos dias, a dor em vez de ceder piorou. Procurei minha ginecologista, que me deu uma bronca assim que ouviu a história. Ela me contou que tinha atendido muitos casos semelhantes, e afirmou que era uma das piores modas que tinha visto. Perigosa e cruel como um cossaco russo, como o senhor gosta de escrever. Receitou para mim medicamentos e alertou que eu poderia perder a sensibilidade na região. Infelizmente, foi o que aconteceu. Faz sete meses que tive o azar de escutar a gabolice de uma mulher metida numa festa. Não tinha orgasmo com penetração, e agora não tenho também com estímulo clitoriano. O prazer ficou para trás. Venho tentando eliminar o desejo por meio de meditações num ritmo de duas de 20 minutos ao dia, uma pela manhã, outra antes de dormir. Aderi ao budismo, nos últimos meses, e espero substituir o prazer carnal pelo prazer espiritual nos braços de Gautama.
Comentei o caso, desesperada, com uma amiga de minha redação. Ali me segredou que também fizera o mesmo, mas depois retirou o piercing porque muitos homens a viram como se fosse uma vagabunda. Às suas leitoras, digo apenas: pensem duas vezes. Ou até três, antes de colocar, na infame esperança de orgasmos andantes, um piercing na vagina.”
NOTA DO EDITOR : Atenção minhas amadas mulheres do meu Brasil Varonil, essa carta é antiga, mas resolvi publica-la pelo propósito de alertar as minhas amadas e idolatradas mulheres que suas Bucetas , sem sombra de duvidas, são o que voces têm de melhor, e em assim sendo, voces não podem e nem devem colocar nelas apetrechos e ou adereços outros. É a buceta indiscutivelmente a maior criação da humanidade, a porta de entrada da vida, órgão reprodutor, que tem o magico poder de apaixonar , de amar, matar, portanto lugar que deve ser beijado, acariciado e muito bem guardado. Nada mais.