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José Antunes diz como o ex-senador Vital do Rego chantageou empreiteiras em troca de blindagem em CPI

Gim Argello pediu R$ 5 milhões em propina, diz dono da Engevix
Em proposta de delação, José Antunes Sobrinho conta como o ex-senador chantageou donos de empreiteiras em troca de blindagem em CPI
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Preso desde 12 de abril, o ex-senador Gim Argello, do PTB do Distrito Federal, é mais um personagem do petrolão citado na proposta de delação premiada feita pelo empresário José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, à força-tarefa de procuradores da República que comanda a Operação Lava Jato. Conforme ÉPOCA revelou, o empresário negocia um acordo e já envolveu, em sua proposta, figuras como o vice-presidente da República, Michel Temer, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o do Senado, Renan Calheiros, entre outros. Em um trecho da proposta, obtida com exclusividade por ÉPOCA, Antunes conta com minúcias como Gim o chantageou quando era vice-presidente da CPMI da Petrobras, instalada em 2014. Gim pediu R$ 5 milhões com a promessa de proteger a empreiteira das investigações. Ricardo Pessoa, da UTC, já havia passado informações idênticas em sua delação.

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Em abril de 2014, a Lava Jato estava na rua havia menos de um mês. De saída, os empreiteiros se organizaram para tentar impedir que as investigações chegassem a eles. Léo Pinheiro, um dos donos da OAS, procurou o colega Antunes no aeroporto de Brasília. Disse que estava em formação um “pool” de empresas que fariam “doações” para barrar a atuação da CPMI da Petrobras, que seria instalada dali a dois meses. Antunes anotou o teor da conversa, mas delegou a decisão a seu sócio, Gerson Almada, responsável por cuidar dos assuntos relacionados à Petrobras na Engevix. Em julho de 2014, Antunes foi procurado pelo lobista Júlio Camargo “algumas vezes”. Num desses telefonemas, Camargo convidou Antunes para tomar uma “gim tônica” em Brasília. Era a senha. O convite era para uma conversa com Gim Argello.

Antunes apresentou aos procuradores registros da viagem a Brasília, entre os dias 30 e 31 de julho. O encontro com Gim aconteceu no fim da tarde, na casa do ex-senador no Lago Sul, área nobre da capital. Participaram da conversa dois assessores de Gim – um deles é Paulo Roxo, réu na operação Caixa de Pandora e notório operador financeiro do ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Gim fez questão de dizer que falava em nome também do presidente da comissão, Vital do Rêgo, do PMDB. Sem cerimônia, Gim disse que oito ou nove empreiteiras realizariam “doações políticas” em troca de blindagem na CPMI. O valor de cada doação: R$ 5 milhões.

Entre as empresas que toparam colaborar, “Gim citou expressamente as seguintes: Odebrecht, UTC, OAS, Toyo, Mendes Júnior, Camargo Corrêa e Galvão”. Diante da hesitação de Antunes em pagar a propina, por causa da crise financeira pela qual a Engevix passava, Gim disse que “se Antunes não quisesse colaborar, outra empresa poderia colaborar em seu lugar”. Paulo Roxo passou a ligar insistentemente para Antunes, cobrando uma posição. Antunes consultou os sócios para decidir o que fazer e, segundo ele conta aos procuradores, a Engevix optou por não pagar a propina a Gim Argello. Antunes ainda foi procurado mais algumas vezes pelos assessores do ex-senador. Com o tempo, Gim desistiu e os contatos cessaram.

O advogado de Gim Argello, Marcelo Bessa, não quis comentar o conteúdo da proposta de delação de Antunes. O ex-senador Vital do Rêgo, hoje ministro do Tribunal de Contas da União, enviou, via assessoria de imprensa, a mesma nota oficial usada para se defender de acusações feitas pelo senador Delcídio do Amaral em sua delação. “O ministro informa que sempre conduziu os trabalhos na presidência da Comissão de maneira imparcial e em respeito aos princípios constitucionais, privilegiando as decisões democráticas dos membros do colegiado”, diz a nota.

Fonte: época

Créditos: época

Gutemberg Cardoso