Nos anos setenta caminhávamos e conversávamos alegremente, eu e um amigo de trabalho, que por coincidência tinha o mesmo meu nome, Walter, descíamos do ponto de cem reis rm direção ao prédio dos correios e telégrafos , quando ele me pede repentinamente para descansar um pouco e senta-se nos degraus que da acesso aquele prédio, fico de pé, olho distraidamente os transeuntes, e quando volto a vista para o colega, deparo-me com um cadáver, vitima de um infarto fulminante, em segundos deixava, sem a menor explicação, a vida. Perplexo, com a ajuda do povo, consegui leva-lo já morto para um hospital mais próximo e no caminho pensei, meditei e fiz:
Chama e vida
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Quando na vida passo a meditar
A conclusäo tirada é que resume
Naquela chama do fósforo, que ao riscar
Um simples sopro lhe extingue o lume
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O barulho que o fósforo ao acender
Faz ocasionado pelo atrito
Um mesmo atrito faz alguém nascer
E o barulho é seu primeiro grito
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Embora luminoso näo ver nada bem
Embora tenha tudo, vê que nada tem
Cobertos por escudos e acha-se indefeso
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Chama e Vida, capas de um livro.
O ente pra morrer requer só estar vivo
O fósforo a apagar, bastante estar aceso
Vavá da luz