NO MEU CORPO NÃO SE TOCA! O teu corpo só a ti pertence. Aprende, em cinco lições, como ele deve ser respeitado.
Lição nº 1: és tu que decides quem pode vê-lo ou tocá-lo As pessoas terão de acostumar-se a que feches a porta do quarto de banho ou a que não queiras ser abraçado/a constantemente. Terão de aceitar que não há nada de estranho na tua atitude, e que apenas pedes que respeitem a tua intimidade.
Todas as pessoas têm direito à sua intimidade, crianças ou adultos! À medida que vais crescendo, vais tendo mais consciência do teu corpo. Sabes que estás a mudar e tornas-te mais recatado/a. Nesta altura, preferes que não vejam o teu corpo. Tens de fazer um esforço para te habituares à tua nova imagem e dispensas bem os comentários!
Lição nº 2: estabelece limites com os rapazes/ as raparigas Dantes, gostavas de brincar de forma um pouco abrutalhada. Agora é diferente! Fá-los/-las perceber que alguns gestos que fazem já não te agradam. Como podes fazê-lo? Dizendo-lhes simplesmente “não”.
É verdade que os rapazes/as raparigas sentem curiosidade ou atração pelas mudanças do teu corpo. Mas isso não lhes dá o direito de te tocarem, para “ver como é”, para se divertirem. O teu corpo é teu!
Lição nº 3: escuta os teus sentimentos Confia em ti. Se o gesto de algum adulto ou de algum rapaz/alguma rapariga, seja quem for, te incomodar ou te meter medo, mesmo que sejam amáveis contigo e que os conheças bem, interrompe-o logo.
Ninguém tem o direito de te tocar ou de te obrigar a fazer coisas que não queres. Faz-te respeitar! Sê firme!
Lição nº 4: aprende a detetar os gestos suspeitos dos outros Não há problema nenhum num gesto de ternura ou numa carícia de um amigo/uma amiga, se te parecem corretos e forem prova de respeito e meiguice.
Mas se alguém te obrigar a tirar a roupa, tentar tocar numa parte íntima do teu corpo, ou te pedir que o/a acaricies, nem pensar! Tens direito à tua individualidade!
Lição nº 5: sê prudente Nunca acompanhes desconhecidos ou pessoas que conheces mal. Diz sempre aos teus pais onde estás e para onde vais. Antes de fazer alguma coisa, pergunta-te sempre se os teus pais estariam de acordo. Nunca vás para lugares onde ninguém te possa ajudar, caso necessites.
Nunca guardes um segredo que te faz sentir mal. ÌÌÌ FUI VÍTIMA DE MAUS TRATOS! Se te obrigaram a fazer coisas de carácter sexual, isso é muito grave. Ninguém tem o direito de tratar uma criança/um adolescente assim e muito menos um adulto o pode fazer. A lei proíbe-o. Não te sintas responsável, de modo algum.
Não tens culpa. O teu agressor é que tem de dar explicações. É uma pessoa mentalmente doente que precisa de tratamento. Deves falar sempre sobre o que te aconteceu. O silêncio seria um peso demasiado grande para ti. Não vais conseguir superar sozinho/a o que se passou e precisarás de ajuda.
A única forma de a conseguir é contar o sucedido. Tens de falar com alguém em quem confies: os teus pais, os teus irmãos, um amigo, a enfermeira da escola, um professor, uma das tuas tias, a mãe de uma amiga… Há muitos adultos que podem ajudar-te. Tens medo de que não acreditem em ti? Isso não costuma acontecer, mas, caso aconteça, fala com outra pessoa, até encontrares alguém que te escute.
Mesmo que penses gostar da pessoa que te fez mal, tens de contar o que se passou. Pode ser que não o faças por ter medo das consequências que o teu relato teria para a tua família. A tua reação é perfeitamente compreensível! Contudo, o que está a acontecer contigo é anormal.
Tens de acabar com a situação. Há coisas proibidas que não devem fazer-se! Se as contares, hão de ajudar-te a encontrar soluções para ti e para os que te rodeiam.
Catherine Schor, psicóloga clínica Séverine Clochard ¡Vivan las chicas! : ¡la guía de las que pronto serán adolescentes! Madrid, Marenostrum, D.L., 2008 (Tradução e adaptação)