Sempre que eu vinha a Ingá, encontrava-me com Compadre Jonas Maciel, figura
polêmica, poeta decorante, político de mão cheia e contador de causos, uma figu
ra. Gostava de tomar wisky não importava a qualidade, cantador de embolada e
poeta de pé quebrado. Uma certa feita, chegando de Salvador encontrei o dito
no bar de PITOTA e fui saltando e perguntando:
–
Responda compadre Jonas
Na sua sabedoria
Lá no mar tem quantas ondas?
Quem dá nó na ventania
O nome daquele corno
Cunhado da tua Tia
–
E Continuei:
–
Sei que tu estudas muito
Por isso tu me respondes
Se já visse um prego fundo
Furam um pneu de bonde
Na palavra pica-pau
Tu bota o assento aonde(acento)
–
Ele me olhava impassivo como que decorando tudo pra responder
E eu continuei
–
Diga o remédio que cura
Mordida de cascavé
Diga a medida exata
Da serra de Maomé
Diga os neurônios que tem
Na cabeça da mulher
–
Va me dando outra resposta
Com a maior predileção
Quem botou catinga em bosta
Quem deu tapa em Lampião
Quantas estrelas tem no céu
Em noite de escuridão
–
Compadre deu um sorriso,mostrou um dente de ouro, tomou uma dose do Peba
E respondeu:
–
Compadre vavá tu és
Um cabra muito safado
Sabes que da minha Tia
O meu Pai era o cunhado
O filho da tua nora
O avô paterno é viado
–
Continúo respondendo
A você nesse momento
Borracheiro para bonde
Teu pai é quem ta por dentro
E a palavra pica-pau
No livro não tem acento
–
Veneno de cascavé
O remédio é sepultura
Se o sujeito tiver fé
O próprio veneno cura
E o neurônio de mulher
Se conta com coisa dura
–
Lampião só pelo nome
Era quente que nem forno
Eu mesmo batia nele
Era o bastante eu ta morno
Quem botou catinga em merda
Foi tu, pedaço de corno
–
vavadaluz