Em discurso em Roraima, presidente respondeu à oposição que passou a defender novas eleições para presidente da República
Ao discursar em Boa Vista (RR), a presidente Dilma Rousseff respondeu às pressões que vem sofrendo por renúncia e as ameaças de impeachment. A presidente lembrou das dificuldades que passou durante a ditadura militar e disse que “aguenta” pressão e ameaças.
“Quero dizer pra vocês que, ao longo da vida passei muitos momentos difíceis. Então sou pessoa que aguenta pressão. Eu aguento ameaça, aliás, sobrevivi a grandes ameaças à minha própria vida”, disse Dilma, referindo-se ao período em que lutou contra o regime ditatorial, época em que chegou a ser presa e torturada.
“O Brasil hoje pode ser muito diferente daquele que teve de enfrentar as mais terríveis dificuldades”, ponderou a presidente. “O nosso país é uma democracia, e uma democracia respeita, sobretudo, uma coisa: eleição direta pelo voto popular. Eu respeito a democracia do meu País, eu sei o que é viver uma ditadura. Por isso eu respeito a democracia e o voto. Além de respeitar, eu honrarei o voto que me deram”, disse ela durante a cerimônia de entrega de um conjunto habitacional do programa Minha Casa, Minha Vida em Boa Vista.
A presidente se preocupou em acabar com boatos de renúncia e combater a ideia de que há uma instabilidade institucional no País. Dilma ainda respondeu aos tucanos e ao DEM, partidos que passaram a defender abertamente novas eleições. “A primeira característica de quem honra o voto é saber que é ele a fonte da minha legitimidade e ninguém vai tirar essa legitimidade que o voto me deu.”
“Outra coisa, temos de nos dedicar à estabilidade institucional, econômica, política e social do nosso País. Eu me dedicarei a isso nos próximos meses e anos de meu mandato”, completou a presidente.
Mais cedo, o vice-presidente Michel Temer desmentiu que tenha entregado o cargo em reunião com a presidente Dilma Rousseff na quinta-feira (6). “São infundados os boatos de que deixei a articulação política. Continuo. Tenho responsabilidades com meu País e com a presidente Dilma”, disse Temer no Twitter.
De acordo com interlocutores do vice, Temer conversou com Dilma na manhã da quinta-feira na presença dos ministros da Secretaria Aviação Civil (SAC), Eliseu Padilha, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e chegou a deixá-la à vontade caso tivesse a intenção de tirá-lo da articulação política. O desconforto de Temer se deu devido a interpretações sobre sua declaração sugerindo “alguém capaz de unir o país”. Alguns petistas chegaram a dizer, nos bastidores, que o tom adotado pelo vice, desqualificava a presidente.
Dilma reforçou o apoio e a confiança no vice e logo em seguida reuniu-se com ministros petistas, no Palácio da Alvorada, para defender Temer e pedir ajuda na articulação política.