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TIÃO LUCENA EM : Eles se acham deuses

Quando o Tribunal Superior Eleitoral cassou o mandato de Walter Brito Neto por suposta infidelidade partidária, os ministros fizeram fincapé, bateram o bombo, gritaram, espernearam e exigiram da Mesa da Câmara o imediato cumprimento da sentença. Enquanto Chinaglia contemporizava, os senhores togados achavam um absurdo tudo aquilo, não abriam mão da cassação, ameaçavam até com o fogo do inferno os dirigentes daquela Casa Legislativa.

Agora o mesmo Supremo decide que foi um erro grosseiro aplicar a Lei da Ficha Limpa para as eleições de 2010 e os prejudicados continuam na fila de espera a depender de um despacho monocrático dos mesmos ministros que falavam mal da casa alheia.

Quando é para apontar defeitos no vizinho, os homens da justiça gritam alto e intimidam. Mas na hora de dar o bom exemplo, calam-se, amofinam-se e, de forma supreendente, dão chá de gaveta nos processos, repetindo o que eles repeliram com veemência no episódio Walter Brito Neto.

Com isso, aqueles que chegaram ao Senado e à Câmara Federal sem votos, cantam de galo, assumem cargos, tornam-se importantes e tiram retrato como se autoridades fossem. Isso é justo, é decente?

A Paraíba aguarda uma decisão monocrática de um ministro para ver no Senado o verdadeiro eleito pelo povo. O ministro nada faz. Cala. Silencia. Fica mouco aos reclamos do povo. Tranca-se no seu gabinete, cobre-se com a sua beca divinal e o povo esperando, aguardando, ansiando e se revoltando.

Até quando isso vai durar, ninguém sabe, ninguém ousa saber. Talvez dure para sempre. Esse povo que faz isso julga-se acima dos julgamentos do mundo. Talvez se ache mesmo mais imponente do que Deus.