O deputado federal Luiz Couto (PT-PB) registrou esta semana na Câmara dos Deputados o artigo elaborado pelo Pastor Henrique Vieira, professor, teólogo e militante, pastor da Igreja Batista do Caminho, eleito vereador de Niterói pelo PSOL.Em seu texto, ele se refere a Viviany Beleboni, uma modelo transexual que ficou conhecida em todo o país depois de aparecer cruficada na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo.
Mesmo sendo religioso, o pastor chamou a atenção da sociedade para a falta de diálogo e o julgamento imediato feito por fundamentalistas da encenação protagonizada por Viviany: “Diálogo pressupõe falar e ouvir, reconhecimento da dignidade do outro. Diálogo não significa supressão de identidade, mas a possibilidade de colocar a identidade em encontro com outras vozes. Diálogo indica respeito, tolerância e solidariedade.
O fundamentalismo religioso não dialoga. Ele ama mais a doutrina que o próprio Deus porque acredita que sua doutrina é exatamente igual a Deus. O fundamentalismo nega qualquer diferença enquadrando o pensamento diferente como heresia a ser extirpada”.
Em outro ponto do texto, o pastor citou que milhares de cristãos que se sentem envergonhados com a brutal e perversa mercantilização, privatização e banalização televisiva, midiática, empresarial e fundamentalista da fé cristã e choram diante do ódio destilado por pastores sensacionalistas; sofrem por ver uma mensagem libertadora sendo usada para enriquecer poucos explorando a muitos, brincando com o sofrimento do povo.
Especificamente a respeito da Parada LGBT, Henrique Vieira argumenta que deve ser entendida a dinâmica do espaço, pois nela diversas denúncias estavam sendo feitas. “Não julgo, não condeno e não me ofendo com a imagem da mulher trans crucificada. Como seria lindo se os cristãos não se preocupassem em defender a pureza do símbolo, mas conseguissem ir ao encontro da dor ali manifesta, do grito ali colocado para fora. O incômodo não deveria ser com a imagem, mas com a realidade que ela denuncia. O Brasil é um país com taxas absurdas de assassinatos motivados pelo ódio a LGBTs.
As pessoas perdem casa, família, empregos, círculos afetivos por conta de sua orientação sexual não heteronormativa e de sua identidade de gênero. As pessoas sofrem violências psicológicas, físicas e fatais por conta desse preconceito. Meu Deus, as pessoas são assassinadas por conta deste ambiente de ódio. Olho para Jesus de Nazaré e vejo nele gestos de acolhimento, de rompimento de barreiras étnicas, culturais, religiosas”.
Ao registrar o artigo do pastor, o deputado Luiz Couto enfatizou que o texto mostra a diferença do caminhar cristão. “O que está ligado ao comportamento de Cristo é saber diferenciar os falsos mestres e as ovelhas do Senhor. O que o vereador e cristão aponta é a necessidade do diálogo. Que muitos fundamentalistas excluem de seus dicionários. Não só aplaudo as palavras do Pastor como afirmo que nosso Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração”.