Era uma manhã de inverno, fria e chuvosa.
A Professora Adelaide pediu a todos que tirassem os sapatos molhados e os colocassem junto do aquecedor.
— Vamos, venham aquecer-se — disse ela, esfregando as mãos com força.
Ninguém dera pela falta da Sofia, até que a porta se abriu lentamente.
A Sofia estava toda a pingar.
Era difícil perceber se tinha a cara molhada da chuva ou das lágrimas.
— Vem cá, Sofia — disse a professora, com voz suave. — Vamos tirar esse casaco e esses sapatos molhados. — Podes contar-nos o que aconteceu?
— O meu pai fez as malas e saiu de casa — soluçou a Sofia.
A Professora Adelaide apertou a Sofia contra o seu casaco quentinho e disse:
— Vamos falar dos nossos pais.
— O meu pai está no hospital — começou o João.
— Eu tenho dois pais — disse a Beta.
— Eu só tenho um pai — disse Milly.
— O meu pai está na tropa e eu só o vejo às vezes — acrescentou o Tiago.
— O meu pai está todos os dias em casa — disse o Toni.
— Eu só passo as férias com o meu pai, porque ele agora tem outra família — disse a Pipa.
— O meu pai está numa cadeira de rodas — disse o Hugo.
— O meu pai adotou-me quando eu tinha um ano — disse a Molly.
— O tio Rui toma conta de mim como um pai — acrescentou o Jorge, pensativo.
— O meu pai é cego — disse a Magui.
— O meu pai morreu o ano passado — disse Alfredo, baixinho.
— E o meu pai morreu quando eu tinha seis anos — confessou a Professora Adelaide.
A Sofia sentou-se entre Milly e Molly.
— O meu pai é surdo — disse a Sofia, com voz suave.
— Ora aí está — disse a Professora Adelaide. — Todos os pais e todas as famílias são diferentes. É mesmo assim.