Padre Francisco João de Azevedo (1814 – 1880)
Padre paraibano nascido em João Pessoa, então chamada Paraíba, na Provóncia da Paraíba, que inventou e construiu pioneiramente (1861) um modelo de máquina de escrever que funcionava perfeitamente, um protótipo que era acionado por um sistema de pedais, como as antigas máquinas de costura. Pouco se sabe sobre a sua infância, além do que cedo perdeu o pai, Francisco João de Azevedo, mas não se conhece o nome de sua mãe. Seus primeiros anos não foram nada fáceis, não só pela situação da viuvez de sua mãe, quanto pelo fato do Nordeste atravessar terríveis secas naqueles anos. Aprendeu as primeiras letras em a escola próxima do seminário dos extintos jesuítas, onde aprendeu a ler, contar, escrever, rezar e latim.
Durante uma visita pastoral à Paraíba (1834), D. João da Purificação Marques Perdigão, o bispo diocesano de Olinda conheceu aquele jovem promissor, e sabendo de sua pobreza, convidou-o para o Seminário Diocesano e ele partiu para Pernambuco, onde foi aprovado nos exames preliminares com e se matriculou no histórico Seminário de Olinda (1835). Ordenou-se padre (1838), pelo Seminário de Recife, onde passou a residir e lecionou cursos técnicos geometria mecânica e desenho no Arsenal de Guerra de Pernambuco, notabilizando-se com um sistema de gravação em aço. Lá também desenvolveria sua invenção revolucionária: uma máquina de escrever.
Anos depois voltou a capital da província paraibana (1863), onde, por mais vários anos, foi professor de cursos técnicos de geometria. Depois (1868) tornou-se professor de aritmética e geometria no Colégio das Artes, anexo à Faculdade de Direito do Recife. Morreu e foi enterrado na atual capital paraibana. Sua notável invenção era um móvel de jacarandá equipado com teclado de dezesseis tipos e pedal, de aparência de um piano. Cada tecla de sua máquina acionava uma haste comprida com uma letra na ponta. Combinando-se duas ou mais teclas era possível reproduzir todo o alfabeto, além dos outros sinais ortográficos. O pedal servia para o datilógrafo mudar de linha no papel. A máquina era um sucesso por onde passava e em uma exposição do Rio de Janeiro (1861), na presença do imperador Pedro II, o padre recebeu uma medalha de ouro dos juízes em reconhecimento a seu projeto revolucionário. Em seguida, para sua decepção, lhe comunicaram que sua máquina não seria levada à Exposição de Londres (1862), por dificuldades de acomodação (?!).
Ainda assim, na Segunda Exposição Provincial (1866) ganhou medalha de prata pela invenção de um elipsígrafo. Segundo um seu biógrafo, Ataliba Nogueira, o padre foi enganado e seus desenhos roubados por um estrangeiro, o que o desestimulou a continuar no desenvolvimento da invenção e a idéia foi esquecida. As suspeitas é que tais desenhos tenham ido parar nas mãos do tipógrafo estadunidense Christopher Latham Sholes (1819-1890) que teria aperfeiçoado o projeto e apresentado como seu e ganho os louros históricos como o criador da máquina de datilografia (1867).
A glória como na maioria das inventos, não foi para a máquina pioneira em funcionamento, mas para quem produziu o modelo que serviu de base à produção industrial do equipamento. O invento do brasileiro porém já era bastante conhecido no Brasil, tanto que os primeiros cursos de datilografia no Brasil exibiam na parede retratos do padre e tornou-se o patrono nacional da máquina de escrever.
Fonte: Universidade Federal de Campina Grande
Colaboração de Rodrigo Moura, pesquisador sobre Inventores Brasileiros Injustiçados: