Nova York, eua. Sim, existe sexo depois do casamento. Especialmente se você consegue ultrapassar o aniversário de 50 anos de união.
Depois de analisar entrevistas com 1.656 norte-americanos casados com idades entre 57 e 85 anos, os pesquisadores encontraram o esperado: quando estão sob os efeitos dos primeiros anos de paixão, as pessoas fazem sexo mais frequentemente do que os casados há mais tempo, cuja efervescência sexual fora atenuada pela vida. Mas os pesquisadores também encontraram algo inesperado: apesar de a maioria dos indivíduos ter falado de declínios constantes na atividade sexual, aqueles que passaram dos 50 anos de casamento começaram a relatar um pequeno aumento em suas vidas sexuais.
Notavelmente, a frequência na vida sexual de casais formados há mais tempo continuou a aumentar. Na pesquisa publicada mês passado no The Archives of Sexual Behavior (Arquivos do Comportamento Sexual, em tradução livre), os estudiosos escreveram que “um indivíduo casado por 50 anos fará menos sexo do que um casado há 65 anos”.
Terceira idade. A análise se baseia em dados do Projeto Nacional de Vida Social, Saúde e Idade de 2005 – 2006, para o qual idosos foram entrevistados sobre vários aspectos de seu bem-estar. Mesmo quando os autores da pesquisa levaram em conta fatores como idade, saúde, raça, sexo, trabalho e satisfação no relacionamento, a chama dos que estão casados há mais de 50 anos, apesar de não muito estável, era mais constante do que a chama de casamentos mais recentes.
Os pesquisadores são sociólogos da Universidade do Estado da Louisiana, da Universidade do Estado da Flórida e da Universidade Baylor. “A frequência sexual não volta a ser duas ou três vezes por mês, mas se move nessa direção”, afirma Samuel Stroope, principal autor e professor assistente de Sociologia da Universidade do Estado da Louisiana.
Claro que há limites às conclusões que podem ser tiradas da pesquisa. “Não sabemos se estar casado faz com que você tenha mais sexo ou se ter mais relações sexuais faz com que você fique mais tempo casado”, explica Karl Pillemer, gerontologista e professor de desenvolvimento humano da Universidade Cornell, que não participou do estudo.
O idoso médio que estava casado por um ano tinha 65% de chance de fazer sexo de duas a três vezes por mês ou mais. Aos 25 anos de casamento, a probabilidade caia para 40%. Se o casamento durava 50 anos, ia a 35%. Mas se o casamento – e a vida – de adultos mais velhos continuava, em 65 anos juntos, a chance de fazer sexo nessa frequência de duas a três vezes por mês era de 42%.
Capital íntimo. Stroope diz que pelo menos duas forças opostas estão em jogo quando o assunto é sexualidade em um casamento longo. A primeira é chamada “habituação”, o afrouxamento dos sentidos sexuais, quando marido e mulher se acostumam um com o outro e ficam desgastados pelo cotidiano e as difíceis demandas da vida.
Mas quem passa muito tempo junto também acumula o que Stroope chama de “capital de relacionamento”: em bons casamentos, ele diz, “você está construindo alguma coisa, acumulando experiência e conhecimento sobre seu parceiro íntimo ao longo do tempo”.
Assim, quando os adultos ficam mais velhos, seu círculo social diminui, eles sabem que o tempo é limitado, olham em volta e veem o quê? Um ao outro.
Bem-estar
Avaliação. Em um ranking que mede a qualidade de vida e o bem-estar dos idosos, o Brasil ficou na 31ª colocação. Em primeiro lugar ficou a Suécia, e, em último, o Afeganistão.
Limitações
Os pesquisadores originais do projeto de 2005–2006 entrevistaram indivíduos, não casais juntos. Além disso, essas novas descobertas não incluíam casais que viviam juntos sem ser casados, casais gays ou lésbicos. Ao definir o que entendiam por atividade sexual, os entrevistadores disseram: “Por ‘sexo’ ou ‘atividade sexual’ queremos dizer uma atividade mútua e voluntária com outra pessoa que envolva o contato sexual, ocorrendo ou não intercurso e orgasmo”.