Propina paga ao ex-diretor de Serviços da Petrobras, indicado por José Dirceu, foi detalhada em comprovantes obtidos pela Polícia Federal com o executivo da Toyo Setal Augusto Ribeiro
Notas fiscais e comprovantes de depósito apreendidos nas investigações da Operação Lava Jato apontam o pagamento de pelo menos R$ 13 milhões ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, entre os anos de 2000 e 2012. Os procuradores e investigadores suspeitam que parte desse dinheiro vindo de contratos simulados possa também ter abastecido o cofre de partidos políticos, como o PT e o PMDB.
Leia mais: Ex-diretor da Petrobras pode fugir e deve ser preso, recomenda Janot
Os comprovantes obtidos pela Polícia Federal estavam em posse do executivo da Toyo Setal, Augusto Ribiero de Mendonça Neto. Os documentos são parte do acordo de delação premiada do executivo. O material foi apreendido no dia 3 de novembro do ano passado, conforme os autos da investigação da Operação Lava Jato.
Segundo a delação premiada de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, o pagamento de propina a Renato Duque ocorria por meio de contratos simulados entre empresas ligadas à Toyo Setal. No caso específico, existiam desde contratos de terraplanagem ou aluguel de equipamentos – como nos casos dos contratos entre a Setec Engenharia e a Power do Tem engenharia e a Setal Engenharia Construções e Perfurações e a Legend Engenheiros Associados LTDA – até contratos de publicidade – como o caso dos contratos entre a Setec Tecnologia S.A. e a Rock Star Marketing.
Conforme as planilhas apreendidas pela Polícia Federal, somente dos contratos de aluguel de máquinas e equipamentos de terraplanagem sem a contratação de mão de obras entre a Legend e a Setal Engenharia, foram gastos aproximadamente R$ 5,5 milhões. No contrato de publicidade com a Rock Star Marketing foram gastos R$ 3 milhões.
Conforme as investigações, após simular a formalização destes contratos, as empresas envolvidas no esquema faziam o pagamento em contas correntes e, depois, durante a movimentação bancária, encaminhavam os recursos para Renato Duque, provavelmente em contas na Suíça.
Duque foi indicado a um cargo na Petrobras pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, condenado a 7 anos e 11 meses no julgamento do mensalão. O executivo foi preso pela Polícia Federal em 14 de novembro do ano passado, em sua residência, no Rio de Janeiro. Ele é apontado com um dos operadores do PT no esquema de corrupção da Petrobras.
Nas investigações, Duque foi apontado como participante do esquema e, segundo o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, Duque chegava a cobrar 3% do valor total de uma obra para supostamente repassar esses recursos ao PT e aos operadores do esquema. Duque, no entanto, refutou a acusação, embora tenha admitido ter recebido R$ 1,6 milhão da construtora UTC, envolvida no esquema de corrupção da Petrobras. Ele justificou o recebimento de R$ 1,6 milhões como fruto de um contrato firmado com a empreiteira.