Em reportagem exibida pelo programa Fantástico, da Rede Globo, servidora de Tremembé diz ter ouvido confissão da madrasta e deu novos detalhes que podem levar a um novo julgamento
Um novo depoimento pode mudar os rumos do caso Isabella Nardoni, morta há seis anos ao cair da janela do prédio em que moravam seu pai, Alexandre Nardoni e sua madrasta, Anna Carolina Jatobá.
Funcionária do presídio em que a madrasta está presa declarou ao Ministério Público que o avô paterno de Isabella, Antônio Nardoni, pode ter participação na morte da menina de 5 anos, informou o Fantástico da TV Globo neste domingo (7).
Segundo os promotores do caso, a menina foi asfixiada em 29 de março de 2008 pela madrasta e depois jogada pela janela do 5º andar pelo pai, Alexandre Nardoni. O casal vivia em um prédio na Zona Norte de São Paulo. Dois anos depois, Anna Jatobá foi condenada a 26 anos de cadeia e Alexandre, a 31 anos de prisão.
Entenda o caso Isabella Nardoni
Casal Nardoni é condenado pela morte de Isabella
A funcionária, que prefere não se identificar, revelou que Anna Jatobá assumiu, em conversa dentro do presídio em 2008, ter batido com violência na menina e contou que o marido Alexandre jogou a própria filha pela janela. “Ela falou que o sogro mandou, orientou os dois a simular um acidente. Eu ouvi da boca dela, olho no olho”, disse a mulher à reportagem.
Procurado pelo “Fantástico”, Antônio Nardoni, negou a acusação com veemência: “Nunca faria isso”. “A gente só tem a lamentar que uma pessoa dessa faça uma coisa dessa para prejudicar quem não está mexendo com ela”, completou. Também ouvido, o promotor do caso, Francisco Cembranelli, disse que o avô chegou a ser investigado na época. “Durante a investigação, havia suspeitas, sim. Porque houve um contato do casal com o pai num momento muito próximo ao crime. Suspeitou-se de participação, mas nós não conseguimos na investigação também trazer responsabilidade para outras pessoas. Por isso, somente o casal foi denunciado.”
Depoimento é oficial
O Ministério Público garantiu que haverá nova carga de investigações e que se elas evoluírem, é possível que haja um novo júri. A testemunha deu detalhes não só do dia da morte de Isabella, como do cotidiano de Anna Carolina Jatobá em Tremembé e especulou a razão do por que a madrasta de Isabella teria protegido o sogro.
“Com certeza, é pelo silêncio dela. Ela recebe muita coisa de fora. Coisas que outras presas não recebem. Vários tipos de queijos, brincos. O colchão que ela dorme é especial. Foi presente do seu Nardoni para ela. Porque estava dando problema na coluna dela o colchão da penitenciária”, explicou a funcionaria.
A testemunha pode preencher a lacuna que fez a investigação descartar à época o envolvimento do avô de Isabella. Segundo o relato, Anna Carolina Jatobá teria sido direta e admitido ter matado a enteada; o sogro teria aconselhado, ainda segundo a testemunha, “simula um acidente. Senão, vocês vão ser presos”. A funcionária conta, ainda, que Alexandre Nardoni só teria jogado a filha pela janela por pensar que ela já estivesse morta. Quando desceu e atestou que ela ainda vivia, entrou em choque.
Ao “Fantástico”, Cembranelli disse que terá que ser apurado se foi usado outro celular de origem desconhecida. “Nós vamos ter que ver agora”.