O arquiteto que, mesmo sem ser político, virou prefeito de João Pessoa completou na quinta passada um ano de gestão. O “aniversário” não foi marcado por grande festa porque o aniversariante não é dado aos holofotes.
Agra chega a um ano de gestão com uma trajetória marcada pela discrição pessoal e ações de pequeno porte, mas com resultados abrangentes, a exemplo das intervenções em avenidas, a revitalização do “mercado do peixe” e a fonte luminosa da Lagoa.
Marcada também pela ausência de obras grandes e ousadas, bem como pelo desafio de colocar-se com autonomia diante do cargo, uma vez que, em função da lealdade política, é visto como um gestor à sombra do governador Ricardo, seu “padrinho”.
Agra parece não se abalar com tais insinuações. Até se enche de orgulho pra atestar que Ricardo Coutinho é, de fato, seu comandante político. Fizesse o contrário seria classificado de “traidor”, coisa que João Pessoa não vê com bons olhos, conforme atesta a história recente.
Quanto às denúncias, em um ano, Agra acumulou algumas: Fazenda Cuia, Merenda Escolar e dinheiro do Fundeb. Nenhuma com sentença negativa judicial até agora. O que faz de Agra sabonete mergulhado em banheira, onde nada pega.
Por incrível que pareça o maior arranhão na imagem do prefeito que virou político mesmo sem querer foi uma ação provocada por ele próprio: a destruição da pista do Aeroclube.
Apesar de ter respaldo popular para construir o parque no local, Agra não ficou bem na fita quanto às máquinas da prefeitura quebraram tudo. Mesmo assim, continua completamente ileso da pecha de “prefeito corrupto”, como deseja a oposição.
Por causa disso, aparece com bons percentuais e de aprovação popular e, principalmente, praticamente sem rejeição.
Mesmo apontando defeitos, a própria oposição sabe que Luciano Agra passou por média neste um ano de gestão. Prévia para as eleições de 2012, o segundo ano de governo exigirá notas ainda maiores.
Posição de Fernando Milanez, líder da oposição na Câmara Municipal de João Pessoa
“Não foi um desastre, mas precisa, urgentemente, de algo que possa colocá-lo como condutor de grandes obras de infra-estrutura da cidade. Luciano Agra é um técnico que pegou a cidade com sérios problemas, mas com o plano de governo do seu antecessor. Falta-lhe autonomia e uma visão maior de arquiteto para pensar a cidade maior”.
Posição de Bruno Farias, líder da situação na Câmara Municipal de João Pessoa
“É uma gestão de continuidade, mas que não se deixou levar pelo continuísmo. Por exemplo, vai construir seis mil casas em dois anos, mais do que Ricardo Coutinho, que construiu cinco mil casas. Gestão onde as ações administrativas, o planejamento urbano e o pensar a cidade se sobrepõem às picuinhas políticas. João Pessoa conheceu e aprendeu a gostar do jeito Luciano Agra de governar”.
Luís Tôrres