Vereador pelo município de Dourados, a 225 km de Campo Grande, Sérgio Nogueira (PSB) virou alvo de críticas após sugerir que homossexuais fossem colocados em uma ilha por 50 anos. O discurso polêmico sobre homossexualidade, feito na sessão da última segunda-feira (15), na Câmara Municipal, foi considerado homofóbico pelo presidente do Conselho Estadual de Diversidade Sexual de Mato Grosso do Sul, Leonardo Bastos.
Deixa lá quem quer viver a sua homossexualidade, lá numa ilha 50 anos. Coloca duas ilhas, duas ilhas, 50 anos. Daqui 50 anos não tem mais ninguém.”
Vereador Sergio Nogueira (PSB)
Por meio de nota, a assessoria do vereador, que também é pastor, informou ao G1 que “a ilustração usada pelo vereador jamais sugeriu a segregação dos homossexuais”.
A frase polêmica foi feita após questionamentos do vereador sobre uma cartilha do Ministério da Educação com informações sobre orientação sexual para as escolas do município.
Conforme a nota divulgada pelo vereador, “a frase se insere dentro da linha argumentativa de que a orientação homoafetiva não deve ser tomada como medida padrão de sexualidade a ser ensinado na rede de educação infantil”.
“Se, por um lado, admite-se que não deva existir a homofobia, ou seja, a discriminação de pessoas por causa da opção homoafetiva, por outro lado, o Estado deve respeitar a sociedade, sobretudo o segmento religioso cristão, no sentido de não utilizar a rede de ensino para estimular crianças ao comportamento homossexual através de material didático, como se pretendeu fazer com os kits de educação sexual do Ministério de Educação em 2013”, justifica o vereador em nota.
O vídeo que mostra o discurso do vereador foi disponibilizado ao G1 pela Câmara Municipal de Dourados. No discurso, de cerca de cinco minutos, o parlamentar, começa contando que recebeu um convite para palestras sobre orientação sexual nas escolas e afirma que se preocupa com o rumo das palestras que serão proferidas. Em um dos trechos do discurso, entre 3:14 a 3:50, o vereador afirma:
“Eu respeito quem quiser fazer o que quiser do seu corpo, pode, pode fazer o que quiser, mas não venha me dizer que isso é normal e que a sociedade precisa agir assim. Basta colocar as pessoas que pensam dessa forma numa ilha. Coloca numa ilha. Deixa lá quem quer viver a sua homossexualidade, lá numa ilha 50 anos. Coloca duas ilhas, duas ilhas, 50 anos. Daqui 50 anos não tem mais ninguém. Por quê? Porque a família é constituída de pai, mãe; macho, fêmea; homem, mulher; e daí vêm os filhos”.
Em um trecho anterior a este, Nogueira diz que é contra a homofobia, mas que não aceita passar como normal, o que, na sua opinião, seria anormal. “Porque na verdade, falar sobre homofobia é algo que todos nós concordamos. Nós somos contra, totalmente contra, não só nós vereadores, esse plenário, as pessoas que nos assistem na televisão, nós somos contra a homofobia, é crime. Mas nós não podemos passar a ideia de que o anormal é normal. Então nessa questão de passar orientações sobre homofobia, sobre como tratar esse assunto, eu quero saber como que vai ser feito isso aí. E como presidente da Comissão Permanente de Assistência Social eu não fui consultado”, afirmou.
Ao G1, o presidente do Conselho Estadual de Diversidade Sexual, Leonardo Bastos, disse que a comunidade LGBT quer retratação. “Nós queremos dialogar, dar oportunidade do próprio vereador receber informações e se retratar dessa fala. Acreditamos na capacidade de que o vereador possa refletir do que falou, reconhecer o erro e pedir desculpas”, disse o presidente.
G1