AO MEU IRMÃO ZEZÃO
Havia um irmão, no meio de nove irmãos, que não quís estudar, cursar faculdade, virar doutor. Preferiu trabalhar, pegar no pesado, desde cedo se tornar adulto para ajudar o pai na labuta da vida. Mas ele tinha, lá dentro do seu peito, um desejo: ver os irmãos mais novos fazerem o que ele não tivera condições: serem livres como os passarinhos, doutores de suas vidas, homens de curso superior. Por isso ajudou a todos. Principalmente ao próximo de sua idade. Começava cedo na labuta, manejando as máquinas pesadas da Camargo Correia, tendo, porém, o cuidado de vigiar os passos dos seus meninos, seus irmão crianças, que dele recebiam cuidados de segundo pai, já que o primeiro e insubstituível era o velho Miguel Lucena, Seu Miguel Fotroga, o maior pai do mundo.
O mundo andou, o tempo passou, todos nos tornamos adultos, mas uma coisa ficou plantada no coração dos irmãos Lucena: a semente semeada por Zezão, o mais velho, que teima em permanecer fincada na terra dos nossos corações, lembrando a todos nós que, se não fosse ele, o pouco que somos nada seria.
Neste sábado de muito banzo, após voltar do seu barraco no Geisel onde vou todos os sábados (quisera Deus que esses sábados fossem eternos), quero de público agradecer a você, meu irmão, meu segundo pai, meu amigo, meu camarada, meu cumplice e metade do meu coração, por tudo o que significou e significa pra mim. Não digo mais nada. Estou ficando velho e chorão.