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AONDE VAMOS? ( Marcos Souto Maior (*)

                                  Em meus tempos de escola eram obrigatórias várias disciplinas, dentre as quais as línguas portuguesa, francesa, inglesa e latina, esta última, a oficial do Império Romano e bem difundida por toda a Europa. Era um idioma que utilizava a ordem das palavras diferente de outros, a exemplo do português e, quando tinha de ler versão de texto, em cada palavra ia marcando um número em cima, com lápis grafite, para não estragar os livros na versão traduzida para a nossa fala. Hoje, tornou-se uma língua morta sendo observada, apenas, por pequena parte das celebrações católicas.

Uma frase curta mereceu especial atenção histórica, em todo o mundo, com apóstolos perguntando a Jesus: “Aonde vais?”. E em resposta dizia: “Volto à Roma para ser crucificado”. O primeiro filme épico de nome “Quo vadis”, lançado em março de 1913, na Hungria, pela Sociedade Italiana de Cinema, sendo diretor Enrico Guazzoni. Outros filmes utilizaram o mesmo título e enredo, a exemplo de 1951, com a MGM voltando ao tema bíblico, com o galã Robert Tayler, Deborah Kerr e Peter Ustinov, que balançavam os corações dos assistentes!

Atualmente, a frase latina ainda se mantém como se fosse ontem! É comum perguntar a qualquer chefe de nação “para onde vai?”. Entretanto, qualquer versão não contempla a verdade, a mais simples que pudesse ser. Veem, despudoradamente, com respostas esfarrapadas, fortes dosagens de mentiras, desvios de verbas, furtos, roubos e corrupções veladas, nos gabinetes luxuosos do poder, tidos como democráticos!

Na inocência popular, alguns ainda chegam chorando e balbuciando, na esperança do mendigar vergonhoso, que se aperfeiçoa com o dinheiro público na forma de dar para receber: um naco surrealista dos pobres sofredores. Diferente de Jesus, estes não têm para onde ir e muito menos comer e beber do milagre da multiplicação dos peixes e pães para amainar a fome impiedosa.

Aonde vamos ninguém tem condições de avaliar! O futuro é tão incerto quanto às nuvens que passam altas, por cima do meu sofrido nordeste, e não esperam para derramar o precioso líquido da vida. O cansaço da multidão tem limites para o amanhecer, e o ribombar dos trovões apenas assusta os poderosos, que se esquecem dos raios que caem nas cabeças dos maus!

É de Gandhi a frase emblemática que define os dias hodiernos: “No mundo, há riqueza suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para alimentar a ganância de cada um”.

Pelo sim pelo não, ninguém sabe para onde vai, e a sorte está lançada para todos, principalmente, para os políticos desbotados em suas próprias cores.

(*) Advogado e desembargador aposentado