Ramalho Leite
Essa família Bezerra Cavalcanti é mesmo vocacionada para o poder. Sua ultima façanha foi entronizar um dos seus membros no maior cargo da hierarquia do Estado. Por poucos dias, mas dando continuidade a uma estirpe que vem de longe pontuando na história política da Paraíba. Desta feita, foi a desembargadora Maria de Fátima Morais Bezerra Cavalcanti, aquela menina de preto que conheci frequentando um curso de pós- graduação na Faculdade de Direito carregando na face a tristeza pela perda de sua estimada mãe. Depois se fez juíza,desembargadora, presidente do Poder Judiciário e esta semana Governadora.Senti na emoção do ambiente a presença de Waldir Bezerra, meu companheiro de Assembleia e orgulhoso pai da empossada.
O primeiro Bezerra Cavalcanti a ocupar a chefia do executivo foi Odon, prefeito de Bananeiras, deputado federal e no final da sua curta existência, deputado estadual. Sucedeu a Severino Montenegro, desembargador Presidente do TJ e nomeado Interventor Federal pelo ministro José Linhares, encarregado da transição democrática em 1945. Esteve como morador do Palácio da Redenção entre 13 de fevereiro a 20 de setembro de 1946. Sua passagem pelo poder deu tempo de exonerar Clovis Bezerra Cavalcanti do cargo de prefeito de Bananeiras, chancelado trinta dias antes pelo desembargador Montenegro. Em substituição a Clovis, assumiu a prefeitura Henrique Lucena, bisavô do atual prefeito Douglas Lucena. Mais adiante, o mesmo Clovis Bezerra, representando o governador eleito Osvaldo Trigueiro, daria posse ao novo prefeito de Bananeiras- Antonio Maia Neto.
Eterno deputado estadual- Clovis Bezerra exerceria a governança do Estado em várias oportunidades: como presidente da Assembleia, em substituição a João Agripino; como vice-governador de Ernani Satyro e finalmente, na condição de sucessor de Tarcisio Burity com a renuncia deste para se candidatar a deputado federal.
O terceiro membro do tronco Bezerra Cavalcanti a assumir o governo da Paraíba foi o desembargador Rivando, na condição de Presidente do Tribunal. Foi Juiz e Promotor.Demorou-se no cargo até que fossem feitas as eleições indiretas, através da Assembleia Legislativa, dos nomes de Milton Cabral e Antonio Gomes para governador e vice, em face da renuncia de Wilson Braga e José Carlos da Silva Junior. O presidente da Assembleia era o deputado Evaldo Gonçalves que entrou para a historia como o único paraibano que se recusou a assumir os destinos da Paraíba, mesmo com ordem judicial para fazê-lo. Tinha um projeto mais arrojado- ser Constituinte Federal e participar da elaboração da Carta Cidadã, como a chamou Ulisses Guimaraes. Se assumisse o governo, Evaldo ficaria inelegível.
Finalmente, no Mês da Mulher, uma representante do gênero assume a chefia do executivo estadual. Sua posse, além de dever constitucional, funcionou como um símbolo de ascensão da mulher paraibana às posições de mando. A desembargadora Fátima Bezerra, trocou a sentença e o acórdão, onde proclama seu senso de Justiça, pelo decreto, ou as leis que no Executivo sanciona.
Sem dúvida, repito, os Bezerra Cavalcanti são vocacionados para o Poder. Vejam o exemplo de Bananeiras: estão no Poder desde 1945, e quando mudou o sobrenome do prefeito, ainda emplacaram o vice. Talvez tenha sido um erro da ex-prefeita Marta Ramalho substituir seu Bezerra Cavalcanti de nascimento pelo Ramalho do casamento. Não duvido que carregando o nome de sangue tivesse alcançado o Senado. O Ramalho que adotou só lhe garantiu uma suplência de Senador.