Pular para o conteúdo

PEDIDO DE QUEBRA DE FLAGRANTE EM VERSO DO DEFENSOR PÚBLICO “VICENTE ALENCAR”

Excelentíssima Senhora,
Julgadora de Direito,
Desta exaltada Comarca,
Que tenho grande respeito.

Protocolo este meu pleito,
Por entender relevante,
Um pedido de soltura,
Pra relaxar um flagrante.

Em nome do assistido,
De alcunha “nego Nona”
Por se encontrar recolhido,
O meu afã vem à tona.

Ontem dia vinte cinco,
Veio à comunicação,
Que o meu ora assistido,
Fora levado á prisão.

Segundo diz a polícia,
Foi no dia 25,
De setembro deste ano,
Digo a verdade não minto.

Que “nego Nona” furtou,
Dois frangos de sua avó,
Não tinha ninguém com ele,
Confessa que estava só.

Mas no caso existem dúvidas.
Se o crime aconteceu,
Pois em interrogatório,
Diz que sua avó lhe deu.

E ainda mais Excelência,
A res furtiva voltou,
Para as mãos de sua dona,
Pois “nego Nona” entregou.

De mérito vamos supor,
Se o furto for verdadeiro,
“Nego Nona” não vai ser,
O último nem o primeiro.

É coisa de pouca monta,
Subtrair duas galinhas,
Sem olvidar de lembrar,
A fome que ele tinha.

É o próprio crime famélico,
Alguém furtar pra comer,
Com necessidade urgente,
Podemos depreender.

É uma ação relevante,
Não vou dizer seja bela,
Furtar para saciar-se,
Res furtiva, bagatela.

Será que vai compensar,
Manter injusta prisão?
Quero ouvir o Promotor,
Conheço o seu coração.

É um homem reto e puro,
De alto conhecimento,
E sei que vai entender,
De “nego Nona” o tormento.

De ficar dentro do cárcere,
Por furtar duas galinhas,
Que nem chegou a comê-las,
Pois devolveu à vozinha.

Admoesto que a vítima,
Quer que solte o seu netinho,
Ele é sua companhia,
Tem-lhe amor e carinho.

O acusado está preso,
E a pobre vítima em vigília,
Pois que o seu neto é,
O esteio da família.

Diligente Magistrada,
A quem a justiça exalta,
Que só promove o direito,
Bom senso nunca lhe falta.

Empós manifestação,
Do dono da ação penal,
Liberdade dê ao “Nona”,
Pois o pedido é legal.

Tenho certeza Excelência,
Que o meu clamor vai ouvir,
Devolvendo a“nego Nona”,
O direito de ir e vir.

É somente o que requesto,
Com afinco e com lisura,
Mande soltar “nego Nona”,
Dê-lhe o alvará de soltura.

Ex positis pra encerrar,
Depois desse meu lamento,
Nada mais tenho a pedir,
Senão só deferimento.

Espero com ansiedade,
Submerso em alegria,
Vicente Alencar Ribeiro,
Membro da Defensoria.

Bonito de Santa Fé,
De setembro vinte seis,
Do ano dois mil e treze,
Hoje a justiça se fez.