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Ter caneta e tinteiro facilita vitória em eleição, mas não é certeza de êxito (Eliabe Castor)

O governador Ricardo Coutinho (PSB) pode chamar o PMDB de antigo e ultrapassado e desprezar seus adversários. Mas isso é perigoso, pois a Paraíba já demonstrou que, mesmo com a caneta na mão e a “facilidade” para cooptar prefeitos e líderes políticos em ano pré-eleitoral, e eleitoral, ter verba e cargos de confiança para distribuir não é certeza de vitória. Posso citar dois casos recentes.

Em 2002, o então governador José Maranhão (PMDB) renunciou para disputar uma cadeira no Senado e apostou suas fichas no seu vice, o também peemedebista Roberto Paulino. As pesquisas apontavam uma vitória segura já no primeiro turno para Paulino. Todo o PMDB patinou e o atual senador Cássio Cunha Lima (PSDB) conseguiu se eleger no segundo turno. Em 2010 mais uma vez o PMDB estava em cena e José Maranhão era o governador da Paraíba.

Com a envergadura de um ciclope, mas provido de uma visão turva por ter apenas um olho, o PMDB permitiu que o até então desconhecido prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho, percorresse o Estado e conseguisse desbancar Maranhão, que buscava seu quarto mandato.

Detalhe: todas as pesquisas apontavam uma vitória de José Maranhão no primeiro turno. Inclusive o Ibope, que na pesquisa de “boca de urna” já considerava o peemedebista eleito. Resultado:  fez  o âncora do Jornal Nacional, Willian Bonner, passar vexame ao anunciar que o peemedebista havia vencido as eleições na Paraíba com pouco mais de 51% dos votos válidos.

Como todos sabemos, Maranhão foi batido por Ricardo Coutinho no segundo turno graças a uma aliança bem articulada entre o PSB, PSDB e DEM, estando à frente dois generais da política paraibana dispostos a alavancar o nome do “Mago”. Cássio Cunha Lima e Efraim Morais. Por isso, ter um bico de pena e um tinteiro ao alcance das mãos não é sinônimo de vitória.

Outra observação, desta vez realizada por um advogado especialista em Direito Eleitoral e amigo do colunista: Ricardo Coutinho está, de forma frenética, anunciando adesões. Mas há o outro lado da moeda. Ao cooptar lideranças políticas em determinado município, há uma oposição e, claro, ela buscará o adversário do governador para se aliar, pois no interior do Estado é praticamente impossível adversários dividirem palanques, ao contrário do que já acontece na Capital.