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SALVE MARIA MÃE! (MARCOS SOUTO MAIOR (*))

 

                             O mês abençoado de maio me deixa emoções profundas, vindas do meu pobre coração! Digo pobre, na medida em que meu pensamento me conduz a um passado impossível de reencontro com minha querida mãe Adélia, já falecida e, fielmente devota da mãe de Deus.

                               Uma herança inesquecida me foi deixada por ela. Numa parede da sala de jantar, logo acima de um móvel de louças e cristais, mamãe implantara um prego grande para sustentar o magno quadro de Nossa Senhora de Fátima, pendurado na demonstração do nosso fervor pela Mãe do Cristo!

                               Logo depois da ceia, com terços nas mãos, começávamos a recitação do terço em família; minha mãe puxava a ladainha e os demais da casa completavam a segunda parte da oração… Na maioria das vezes, minhas irmãs tinham outros afazeres e, apenas eu respondia a oração em família. Uma vela acesa à frente da imagem de Senhora de Fátima era símbolo de luz profunda de fé cristã pela família Souto Maior!

                               Meu pai Hilton, embora católico de assistir missa, não se enfileirava rezando conosco, contudo, ficava sentando numa cadeira de balanço no terraço da casa ouvindo a poderosa oração e, vez por outra, interrompida por um cumprimento de boa noite para quem passava pela calçada, lhe tirando a concentração!

O aparelho de televisão em preto e branco ficava mesmo apagado em respeito, tanto à tradição familiar, quanto à devoção à Virgem Santa e o terço era, pacientemente debulhado, uma a uma conta, consumindo cada Mistério. Este, composto de dez ave-marias a cada reza terminada. E a cada dez ave-marias rezadas, eram intercaladas pelas orações do Glória, do Pai Nosso e das jaculatórias de estilo! No final de tudo a consagrada ladainha da Virgem Bendita.

Reconfortados pelo sublime momento da oração cristã, o festejado mês de maio, além de ser dedicado à Maria Mãe Santa é também destinado às flores, aos perfumes e das noivas casamenteiras, que preferiam aquele mês.

Permito-me alardear que, grandes graças alcancei, sob a intercessão da Mãe Maria perante o Cristo Salvador, razão suficiente para demonstrar publicamente que a fé cristã remove e supera montanhas de dificuldades!

 Faço questão de manter acesa minha doce lembrança materna! Procuro cumprir minha obrigação, decorrente do meu eterno ensinamento materno, no amor filial de boa mãe. Seja ela Maria Santíssima ou, simplesmente Adélia, afinal de contas todas as mulheres são verdadeiramente Maria de todos os filhos e filhas, sempre atendendo na súplica pelas necessitadas. E é tudo que podemos esperar e conseguir.

Agora mesmo, meu coração bateu menos apressado de saudades; entretanto, sem chegar ao ponto de se desviar do compasso bombeando o sangue para meu corpo.

Meu simples demonstrar a força da fé do menino acompanhando a mãe no terço do mês de maio continua nobre momento presente e imorredouro. A bênção, mamãe!

                                                                 (*) Advogado e desembargador aposentado

 

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