Em seu novo artigo, o empresário Roberto Cavalcanti fala sobre o fato da Paraíba er a energia mais cara do Nordeste
Enquanto o Brasil inteiro comemorava a redução das tarifas de energia elétrica, uma surpresa me aguardava na caixa de correios: minha conta veio mais cara.
Ato contínuo vejo a concessionária da Paraíba anunciar reajuste para consumidores espalhados pelo Compartimento da Borborema. Desde o último domingo, a conta deles está 7,56% mais cara. O aumento aplicado à indústria foi ainda maior: 7,97%.
Resultado: a redução prometida pelo Governo Federal, que seria de 18%, deverá cair em média 40% em Campina Grande, Lagoa Seca, Queimadas, Boa Vista, Fagundes e Massaranduba.
Detalhe: a Energisa Borborema cobrava taxa mais barata (R$ 0,27455 por quilowatt/hora) do que a concessionária Energisa Paraíba (R$ 0,31782 por kWh).
Ambas fornecem uma das energias mais caras do Nordeste. Aqui pagamos uma conta mais salgada do que os vizinhos Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe e Alagoas.
Ou o que Dilma Rousseff garantiu não procede ou estão metendo a mão no nosso bolso.
Aparentemente – e os números da minha conta mostram isso com clareza – a Paraíba está na contramão do fenômeno de barateamento da energia em curso no País.
Verdade que o susto que a conta doméstica me pregou tem justificativa plausível: como as concessionárias têm datas distintas de emissão das contas, as reduções podem demorar até março para ser sentidas em todos os entes federativos.
Mas, ao que tudo indica, a Paraíba será mesmo um dos estados menos beneficiados com a redução das tarifas de energia.
Uma medida divulgada na edição de 15 de dezembro do ano passado no Diário Oficial do Estado aumenta para até 27% a alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre as contas de unidades que consomem mais de 100 k Wh.
O objetivo da medida é positivo: ampliar a isenção para consumidores de baixo consumo, aliviando os bolsos das famílias menos favorecidas economicamente.
Mas, como ocorre praticamente em toda ação, existe o lado reverso da moeda. E ela atinge em cheio os grandes consumidores, especialmente os setores produtivos.
Ou seja: justo o segmento que deveria estar sendo mais beneficiado no processo de barateamento da energia.
Com se sabe, a decisão do Governo Federal de baratear as contas de energia não foi concedida por graciosidade, mas para atacar um problema agudo do País: o estratosférico Custo Brasil.
E a energia é um dos insumos que mais salgam as planilhas de custo das linhas de produção brasileiras.
Ao decidir reduzir seu impacto, o Governo Federal mira na desoneração da produção e na consequente ampliação da performance competitiva do País.
Entrando na contramão, a Paraíba sinaliza não estar preocupada com competitividade. Nem com o que vem na esteira desse processo, que é a atração de investimentos.
Será que estamos tão bem das pernas que podemos abrir mão da chance de ser mais atrativos?