I
Era finalzim de ano
Quando se deu esse fato,
A filha de Anunciada
Com o rapagão de Zé Gato,
Partiram pro Livramento
Pra se unir no casamento
Deixando o assunto exato.
II
E eu fui para a festança
La na Serra do Brejinho,
Comer carne de capão
defumado de tocinho,
Botei pegado na mesa
Das carnes e da sobremesa
Provei de tudo um pouquinho.
III
Depois de tanta comida
Me despedi dos demais,
Já sai com umas cólicas
Uns arrotos por detrás,
Um vento na retaguarda
Igual pólvora de espingarda
Com cheiro e gosto de gás.
IV
Num deu nem tempo chegar
No matim da minha casa,
Quando caganeira vem
É ligeiro não se atrasa,
A cachoeira deságua
Naquele merdeiro d’água
E o aro queimando em brasa.
V
Fiquei ali mais de hora
Fui até esvaziar,
O poço do intestino
Que teimava em não parar,
Mas com um tempo parou
Foi aí que me faltou
Papel para se limpar.
VI
Como a noite estava escura
Caquiei pelo munturo,
Peguei num bicho redondo
Arranhento e meio duro,
Mas já tava bom demais
Botei o bicho pra trás
E comei limpar o furo.
VII
Eu limpo com esse bicho
Em casa eu lavo e enxugo,
O negócio é se limpar
Sem olhar para o refugo,
Nisso uma estrela reluziu
E eu vi o que me serviu:
Era o diabo dum sabugo.
VIII
Quem já ‘obrou’ no matinho
Não me venha com etiquetas,
Dizer que não se serviu
Com checho, folha ou paletas,
Papel jornal ou mulambo
E depois suspirar bambo
Num festival de caretas.
IX
Dessa festança tão boa
Duas coisa eu não esqueço,
Da comilança sem freio
Que meu causou um tropeço,
A outra é do sabugo
Que removeu o refugo
Sendo amigo a qualquer preço.
Rena Bezerra
26/12/12
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