Pular para o conteúdo

GUERRA INTERMINÁVEL (Marcos Souto Maior)

                               MARCOS SOUTO MAIOR (*)

                                               Maior cidade da América do Sul agoniza numa guerra interminável na reconquista de espaços perdidos pelas forças legalistas da poderosa “República do Tráfico”! A Secretaria da Segurança de São Paulo admite que mais de 90 policiais morreram no combate às forças do mal com dezenas de ônibus incendiados com passageiros, motoristas e cobradores dentro e Delegacias metralhadas.

                                               Na História do Brasil nunca tinha havido registro de marginais desencadeando guerra às forças públicas. Até porque, em 1932, os paulistas iniciaram a Guerra Constitucionalista que tinha como missão política a derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova Constituição Federal. Há quem diga que, na verdade, fora um revide à Revolução de 1930.

                                               A data cívica mais importante dos paulistas é 9 de julho, onde comemoram a brava e saudosa história, com 87 dias de seguidos combates. Oficialmente tombaram na guerra 934 mortos, contudo, extraoficialmente, foram mais de dois mil.

                                               A promulgação da Constituição de 1934 fora a consequência direta do sangrento episódio, por sinal, o último combate no solo brasileiro, já que a Revolução de 1964 foi mais um golpe do “movimento militar”.

                                               Hoje, não apenas paulistas, mas todas as pessoas que residem ou visitam a maior metrópole sul americana, simplesmente, não podem desfrutar do direito de ir e vir! Estamos numa declarada e interminável guerra urbana onde as forças da legalidade não conseguem sufocar e desalojar o poderoso “Império do Tóxico”. A troca de tiros pega pessoas inocentes, muitas delas, de menor idade, se passando como “escudos humanos”.

                                               A ousadia da bandidagem vai muito além do combate defensivo às estocadas das forças da legalidade, em seus pontos de vendas de tóxicos. Vieram das penitenciárias as ordens dos chefes da milícia do tráfico, no desenvolvimento de verdadeiras caçadas aos policiais, quer em suas próprias casas ou mesmo em locais de trabalho.

                                               No placar da guerra sem fim, até agora, o Estado perde feio nos combates deixando rastro de sangue nos caminhos dos bravos e dedicados soldados da polícia civil e militar de São Paulo.

                                               A Secretaria da Segurança Pública paulista apresentou estatística criminal, do período atual, com cerca de cem policiais assassinados em todo o Estado.

                                               As mulheres e filhos da guerra choram desolados pelas perdas familiares irreparáveis e até chegam a culparem a segurança pública, pelo dever de enfrentar o bom combate com paridade de armas.

                                               Parece-me que o governo federal usa da burocracia de passos de tartaruga na ajuda contra a guerra do tráfico em São Paulo, e talvez cheguem tarde demais.

                                               Vai ver que, os limites escancarados nas fronteiras do Brasil, com países da América do Sul sejam o caminho de formiguinhas para municiar os delinquentes do tráfico com armamentos poderosos. Será que a FORÇA TAREFA desenvolvida no Rio de Janeiro não serviu de exemplo para acudirem São Paulo?        

 Falta mesmo é vontade política para acabar com essa bandalheira!

(*) Advogado e desembargador aposentado