Nesse sábado último, dia 29 de setembro, os telespectadores foram pegos de surpresa com o solene anúncio do falecimento de Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani ou, simplesmente, HEBE!
Traiçoeira enfermidade abalou suas forças, mas nunca a sua vontade de viver. Sem anunciar à legião de fãs, a galega do sorriso eterno viajou para o Jardim do Édem onde se encontrará com Nair Belo, Chacrinha, Ivon Cury, Maysa, Dolores Duran, Luiz Gonzaga, Emilinha Borba, maestro Severino Araújo, Elis Regina, Tim Maia, Mamonas Assassinas, Pery Ribeiro, Nara Leão, Wando, Nelson Gonçalves e tantos e tantos que encheriam o espaço desta crônica.
A “rainha da TV” conseguiu, com sua risada alegre gostosa e estridente, o que poucos, mas, muito poucos mesmo, tentaram: ela conseguiu realizar o belo sonho da conquista meritória e unânime entre todos os sistemas de televisão do Brasil. Disputadíssima, num só e inusitado momento, acabou com a disputa unindo as grandes: Globo, Band, SBT e RedeTV.
Irreverente, sempre foi desabusada em suas falas à imprensa. No canal GNT ousou abrir o coração dizendo: “Eu queria ter ele não para ter um romance, eu queria ter ele como homem”, referindo-se ao rei Roberto Carlos, nos idos de 2007.
No SBT ela foi enfática acerca da sua vida sentimental: “Esse negócio de menininho namorando velhinha… nanani…nanão. Tá mesmo é interessado no dinheiro.”
Recentemente a loura do sorriso perfeito reclamou: “Estou feliz lá (RedeTV). O duro é que andaram vendendo muitos horários para os pastores, isso atrapalha a audiência”. Em entrevista, na Folha, em agosto de 2012.
Na minha querida Paraíba, Hebe Camargo esteve à convite do jornalista Gerardo Rabello, precisamente no saudoso 23 de setembro de 1999, participando de show no Forrock, com direito a tapete vermelho na entrada. Esteve também na praia de Tambaba, onde se pratica o naturismo (para mim, nudismo mesmo!) e do famoso “por do sol da Praia de Jacaré”, concedeu entrevista prolongada, no programa ‘Gente Fina’ capitaneado pelo cronista Gerardo Rabello.
Ainda hoje ouço a gargalhada da galega animada e envolvente! Nem mesmo na doença, que enfrentou com coragem abandonara a alegria incontida de sorrir. Foi guerreira incansável com exemplar postura vivenciada no bem. Sempre brincava com a vida: “Não tenho medo de morrer, tenho peninha. Peninha de deixar o povo que amo e essa vida tão boa que tenho.” Em destemida entrevista ao jornal Folha, em abril 2012.
Aonde ela estiver, verá a peninha que todos nós sentimos na ausência de suas apresentações na televisão. Claro que os arquivos vão continuar a projetar sua imagem nas emissoras de televisão com inúmeros programas que participava.
Vai Hebe, segue teu caminho iluminado. Não iremos chorar sua derradeira viagem, preferimos sorrir para você porque sabemos estar no meio dos bons!
(*) Advogado e desembargador aposentado